Depois de Cannes, famalicense leva curta a Vila do Conde, Sarajevo, Jerusalém e São Paulo

“Maria” foi a curta metragem que o famalicense Mário Macedo estreou em Cannes. O jovem, natural da vila de Joane, foi um dos escolhidos através do programa ‘La Factory des Cinéastes’, da Quinzena dos Realizadores, uma sessão independente realizada em paralelo com o ‘Festival de Cannes’, para apresentar o seu trabalho cinematográfico, num dos mais prestigiados festivais internacionais.


“Foi intenso, mas extremamente gratificante”, disse o jovem cineasta, em entrevista à RUM. Para Mário Macedo, “Cannes deve ser dos poucos festivais em que se sente que realmente toda a indústria está lá e torna-se possível e fácil de conhecer aquelas pessoas que geralmente não seria tão fácil”. 


O famalicense foi escolhido através do programa ‘La Factory des Cinéastes’ , que a Quinzena de Realizadores – em paralelo ao festival de Cannes – retomou, este ano, depois de três anos de interrupção. O desafio era juntar um realizador português a um internacional e produzir uma curta inspirada no Norte de Portugal. 

“Maria” é inspiarada nas mulheres de meia-idade do Norte de Portugal

Mário Macedo juntou-se à iraniana, Dornaz Hajiha, e encontraram “um ponto em comum, quer criativamente, quer pessoalmente, que se prendia muito com os fantasmas da religião”. “Apesar dela vir do Irão e ter uma religião diferente, encontramos semelhanças e usámos a nossa Maria como veículo da nossa narrativa, para mostrar este lado societal em que se vive muito, entre o pecado, a culpa e a vontade extrema de liberdade, que nunca chega”, explicou o joanense. A inspiração, desvendou Mário Macedo, vem de “todas as mulheres de meia-idade do nosso Portugal, mais precisamente do Norte”. A curta apresenta Maria, “uma trabalhadora têxtil, que vai dar um pezinho de dança à danceteria e acaba a espiar a sua culpa num confessionário, na igreja”. A personagem retrata uma mulher educada com os princípios do passado, mas que educa os filhos com os valores do futuro.

O processo criativo começou em dezembro e em março a curta estava terminada, “o que é altamente estranho em cinema, porque geralmente tudo demora muito tempo”, disse o realizador. 

O feedback em Cannes “foi bastante bom”, numa passagem “interessante e intensa” por um dos mais prestigiados festivais de cinema. “As pessoas acharam que foi uma bonita sátira, que também tem o seu lado cómico,

apesar de toda a violência patriarcal que o filme tem”, acrescentou Mário Macedo. 

“Maria” será agora apresentada no Curtas Vila do Conde, mas também no festival de cinema de Sarajevo, Jerusalém e São Paulo. “Foi talvez o filme mais rápido que eu já fiz e, ao mesmo tempo, é o filme que tem mais exibições já programadas de festivais”, reparou o realizador.



Realizador de Joane procura financiamento para a primeira longa-metragem da carreira


Mário Macedo nasceu em Joane e, desde cedo, que sente “um amor imenso ao cinema”. “Cannes sempre fez parte do sonho. Não me imaginei a estrear um filme lá nesta idade, neste momento ou desta forma, mas havia algo dentro de mim que me dizia que um dia iria acontecer, acabou foi por ser mais cedo e mais inesperado”, revelou. 


O jovem realizador famalicense concentra atenções, agora, na sua primeira longa-metragem, que diz ser “o seu grande projeto futuro” e para o qual precisa de financiamento, sendo que Cannes abriu algumas portas nesse sentido, sobretudo ao nível dos conhecimentos na área. “Deu para conhecer muitos produtores, para fazer estruturas de produção, co-produção europeias”, acrescentou.

Mário Macedo conta, até ao final deste ano, estrear mais uma curta-metragem, “Cul-de-sac”, que realizou em conjunto com Vanja Vascarac, em Zagreb. “São quatro skaters num centro comercial vazio, uma coisa muito fantasmagórica e uma espécie de sátira ao nosso estado do mundo e aos nossos níveis de paciência”, comentou.

No início do próximo ano, o famalicense deverá lançar “That’s How I Love You”, rodada em Copenhaga. Para mais tarde ficará a curta-metragem “Three of Cups”, feita com a Enotea, em Berlim, onde roda já a longa metragem que está a co-realizar. 

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Liliana Oliveira
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