Marega alvo de racismo no D. Afonso Henriques

O jogador do Futebol Clube do Porto (FCP), Marega, abandonou este domingo o estádio do D. Afonso Henriques numa atitude de protesto face aos actos racistas de que foi alvo durante a partida com o Vitória SC. O momento marcou o encontro e provocou uma onda de solidariedade em torno do jogador maliano.

A decisão do jogador, nos primeiros instantes, levou os colegas de equipa e os jogadores do clube adversário a tentarem evitar a saída do recinto de jogo, mas ninguém conseguiu demover Marega.

Sérgio Conceição falou com o jogador, já fora das quatro linhas, e logo de seguida ordenou a substituição.

O jogo esteve parado cerca cinco minutos e nas bancadas só se ouviam insultos para o jogador portista que marcou o segundo golo dos “dragões” e que jogou no Vitória SC.

Uma situação “deplorável” considerou o treinador dos azuis e brancos, Sérgio Conceição. Apesar dos actos racistas serem perceptíveis na transmissão da Sport TV, do lado do Vitória SC, nem o treinador nem o presidente dizem ter ouvido qualquer atitude do género por parte dos adeptos.

Ivo Vieira, em declarações à imprensa, disse condenar ataques racistas, mas referiu que se apercebeu de assobios e do Marega a querer sair, mas de mais nada em concreto. Já o presidente do Vitória SC, Pinto Lisboa foi à sala de imprensa referir que Marega, enquanto jogador do Vitória SC “também já quis abandonar o campo de jogo, numa situação que não esteve relacionada com racismo”. O dirigente disse ter-se apercebido apenas “de uma atitude provocatória de um atleta”, referindo-se a Marega no momento dos festejos do golo dos portistas junto dos adeptos vitorianos.

Muitos clubes manifestaram solidariedade com a atitude do jogador. A Federação Portuguesa de Futebol e o Governo também já reagiram.

O primeiro-ministro manifestou “total solidariedade” com o “grande cidadão” e jogador do FC Porto Marega e salientou que todos os actos de racismo são crime e intoleráveis.

Também o Presidente da República sublinhou que só pode “condenar, como sempre, veementemente, todas as manifestações racistas, quaisquer que sejam”.

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, considerou hoje “grave e condenável” os insultos racistas de que Moussa Marega foi alvo, em Guimarães.

Através de um comunicado, o FC Porto condenou os insultos racistas a Marega, considerando-os como um “dos momentos baixos da história recente do futebol português”.

“O FC Porto repudia e condena veementemente os comportamentos racistas desta tarde, que constituem um dos momentos baixos da história recente do futebol português e terão de ser devidamente penalizados”, lê-se num comunicado do FC Porto.

O Vitória SC informou no domingo que vai averiguar os insultos racistas de que o futebolista Marega, do FC Porto, alegadamente foi alvo, no encontro da 21.ª jornada da I Liga de futebol, realizado em Guimarães.


O Regulamento Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) prevê a punição de realizar um a três jogos à porta fechada aos clubes que “promovam, consintam ou tolerem” comportamentos racistas.

O artigo 113.º do regulamento em vigor define as sanções a “comportamentos discriminatórios em função da raça, religião ou ideologia”.


“Os clubes que promovam, consintam ou tolerem a exibição de faixas, o cântico de slogans racistas ou, em geral, com quaisquer comportamentos que atentem contra a dignidade humana em função da raça, língua, religião ou origem étnica serão punidos com a sanção de realização de jogos à porta fechada a fixar entre o mínimo de um e o máximo de três jogos e, acessoriamente, com a sanção de multa de montante a fixar entre o mínimo de 200 UC e máximo de 1.000 UC”, lê-se no referido documento.

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Elsa Moura
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