Maioria dos professores cortou na matéria durante o confinamento

Um estudo do Conselho Nacional de Educação (CNE), baseado num inquérito a diretores e professores, revela que mais de 90% dos docentes assumiram não dispor de equipamentos para todos os seus alunos passarem para o ensino à distância e 80% admitiram que a falta destes dispositivos em casa afetou o trabalho realizado. Do lado positivo, resultou uma maior valorização da escola por parte das famílias e ligação dos pais à escola

Mais de um milhão e meio de crianças e jovens teve que adaptar-se a uma nova realidade escolar em 2020, num sistema de ensino à distância nunca antes testado. Para 50% dos professores, o ensino à distância comprometeu as aprendizagens. Em média,  78% dos alunos cumpriram com regularidade as tarefas solicitadas. No entanto, há exemplos de escolas onde mais de 5% dos estudantes não cumpriram qualquer atividade escolar durante o confinamento.


Ainda assim, e apesar das opiniões díspares, todos concordam que o leccionar à distância não foi fácil. “Dois terços (66%) dos docentes trabalharam num contexto em que nem todos os conteúdos inicialmente previstos para o 3º período/2º semestre foram abordados ou avaliados como havia sido planeado”, ou seja, aproximadamente 50% admite ter cortado no programa, 7% decidiram não dar matéria nova e 11% optaram por avançar mas não avaliar o que fosse abordado de novo durante o período de aulas à distância. Quando avaliamos a situação por níveis de ensino, é no secundário que mais professores decidiram manter o plano. Em sentido inverso, no 1.º ciclo, os docentes sentiram mais dificuldade. Por isso mesmo, apenas 19% manteve a planificação.



“92% das escolas em Portugal não dispunha de equipamentos informáticos em número suficiente”


A falta de  equipamentos informáticos foi um dos maiores entraves no ensino à distância. Segundo o estudo, “92% das escolas em Portugal não dispunha de equipamentos em número suficiente, nem de ligação à Internet com qualidade e em 80% das escolas a falta desses dispositivosafetou o trabalho realizado”. O acompanhamento por parte da família ficou também ficou aquém das expectativas. Cerca de 80% dos diretores e docentes considera que o ensino foi “afetado ou muito afetado” pela falta de formação dos alunos e  famílias na utilização de recursos digitais. Mas também os professores reconhecem a “inadequação das competências digitais dos docentes” como prejudicial a este tipo de ensino.

No entanto, o estudo assinala aspetos positivos provocados pela situação pandémica. A maioria dos inquiridos diz ter passado a valorizar “mais” ou “muito mais” a escola, não só na qualidade de aprendizagem, mas também na importância que assume na socialização dos mais jovens.

O CNE considera que “foram iniciadas dinâmicas de mudança que, alimentadas, poderão ajudar a encontrar melhores soluções para fazer face aos desafios e à incerteza que caracteriza o futuro”.

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Liliana Oliveira
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