Linha de apoio à criação entre os destaques da nova direção artística do Teatro Oficina

A implementação de uma linha de apoio à criação é um das novidades do Teatro Oficina, em Guimarães, para 2023 e 2024. O novo diretor artístico, Mickaël de Oliveira, e o respetivo projeto, que contempla um investimento municipal de 75 mil euros por ano, foram apresentados, esta quinta-feira, no Espaço Oficina
O antigo diretor-adjunto do Teatro Académico de Gil Vicente, situado em Coimbra, sucede a Sara Barros Leitão, com o objetivo de “apostar na criação”. Confessando que Guimarães “sempre foi uma cidade onde quis trabalhar”, Mickaël de Oliveira refere que “já conhecia o projeto” que, no seu entender, tem “uma dimensão regional e nacional forte”.
Parte do que foi desenvolvido na direção artística anterior vai ser aproveitado, como as oficinas de teatro. Além disso, será introduzida uma linha de apoio à criação para as artes performativas, que terá um espaço físico – a entrar em funcionamento nos primeiros quatro meses do ano – e, posteriormente, uma componente digital, a ser colocada em prática até ao final do ano.
O vereador da Cultura na autarquia e presidente da cooperativa municipal Oficina, Paulo Lopes Silva, explica que essa necessidade foi “identificada” e alertada por várias entidades ligadas ao setor no âmbito do Plano Municipal Estratégico para a Cultura. “É importante este apoio para as companhias darem um passo em frente. Entendemos que do lado do município e da Oficina tem de haver a capacidade instalada para ajudar as estruturas do ponto de vista de candidaturas nacionais, por um lado, mas também em questões mais burocráticas e administrativas”.
Criação no centro das linhas programáticas
‘Ensaio técnico’ (nome provisório) será a primeira criação de Mickaël de Oliveira. Além de escrever e encenar, o novo diretor artístico do Teatro Oficina vai avançar com open calls para bolsas de criação na vertente da dramaturgia e para residências, através do programa designado ‘Criação Crítica’, e a primeira edição dos Encontros de Dramaturgia, para lá do ciclo de conversas ‘Pensamento’.
Nestas e noutras iniciativas que possam vir a surgir, a ideia passa por haver uma ligação ao curso de Teatro da Universidade do Minho. O encenador e dramaturgo, que já deu aulas numa pós-graduação da academia minhota, adianta o objetivo de apostar na “profissionalização dos alunos que saem da licenciatura”.
Depois de um período de atividade intermitente, o projeto do Teatro Oficina – não tem um elenco de atores fixo – foi relançado em 2022 com a direção artística a funcionar numa lógica de rotação. A atriz Sara Barros Leitão foi a primeira, tendo estado um ano no cargo. Já Mickaël de Oliveira vai ficar dois.
O diretor artístico do Centro Cultural Vila Flor e de Artes Performativas da Oficina, Rui Torrinha, fala de um conceito de “progressão” e “não num pára-arranca que traduz apenas a visão das diferentes direções artísticas”, algo que potenciou este alargamento temporal. “Desafiámo-lo a ficar por dois anos. Da experiência que tivemos com a Sara, percebemos que talvez fosse benéfico ficar mais tempo”, refere, acrescentando que “o impacto deste projeto será mais visível [desta forma] do que se se fizesse sempre uma sucessão vertiginosa”.
