Ligação do quadrilátero através da “ferrovia ou metro de superfície” é “inviável”

O presidente da Câmara de Braga disse, ontem, no Innovation Forum, que decorreu em Guimarães, que soluções como a ferrovia ou o metro de superfície para a ligação do quadrilátero não são viáveis.
Ricardo Rio participou no debate “Cidades Inteligentes para uma Transição Verde”, organizado pelo Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP).
“O BRT (Bus Rapid Transit) está nos seus estudos finais para passar para o terreno. Há quem defenda que devíamos ter outras soluções de mobilidade mais robustas, ou a ferrovia ou o metro de superfície, mas há questões, do ponto de vista técnico, que foram devidamente estudadas, que demonstram que é inviável sustentar um modelo de investimento desse género”, começou por dizer o autarca bracarense.
Ricardo Rio fala da necessidade de “uma utilização racional dos recursos públicos” e considera que,
“no contexto das sociedades, o BRT, em Braga e em Guimarães, pode cumprir aquilo que é o efeito desejado”.
A mobilidade, em particular o trânsito, tem sido um dos temas quentes do atual mandato da coligação Juntos por Braga. Nesse sentido, o presidente da Câmara garante que “ninguém, com seriedade, pode dizer que o trânsito melhora em Braga”.
Ninguém vai encontrar soluções para melhorar o trânsito em Braga que não sejam reduzir ao número de carros. Temos que, realmente, inverter este ciclo e introduzir esse pensamento a longo prazo”, acrescentou Rio
O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, diz que o problema da mobilidade no quadrilátero urbano só será resolvido “através de parcerias estratégicas”. “A Câmara de Guimarães pode afetar, sendo otimista, 30 a 40 milhões de euros, mas nós, para a mobilidade entre municípios, precisamos de cerca de 500 ou 600 milhões, e para o quadrilátero precisamos de cerca de 900 milhões”, apontou. Esta verba, reforçou, só é alcançada “de uma forma concertada, com parcerias”. “Temos feito esse trabalho e apresentamos essas parcerias para darmos um sinal à Europa do que estamos a fazer. Neste momento, estamos a desenvolver todos estes projetos para a descarbonização da mobilidade”, afirmou.
António Cunha, presidente da CCDR-Norte, lamenta que o Governo trate o Norte do país com uma abordagem macro, que não tem em conta as especificidades do território. “Quando, há 20 anos, foi feita a autoestrada entre Braga e Guimarães, se se tivesse feito um túnel entre as duas cidades e a distância tivesse reduzido, se as cidades tivessem crescido juntas, todas as questões que hoje se colocam de viabilizar um transporte, nomeadamente ferroviário, não existiam”, apontou.
O presidente da CCDR-N falou ainda das especificidades do território, que “é muito particular e nada compreendido a partir de Lisboa”. “Lisboa trata o território sempre com umas abordagens macro e tem uns conceitos de cidade, que quando acaba, começa o campo”, finalizou.
