CMB junta-se aos Amigos do Palacete para homenagem a Júlio Lima

Uma personagem “icónica” da cidade de Braga, um “benemérito” que hoje foi homenageado para a posteridade com uma placa evocativa que fica a partir de hoje instalada junto à entrada principal do Palacete. Foi assim que Ricardo Rio, presidente do Município de Braga, recordou Júlio Lima, que este sábado foi homenageado numa breve iniciativa promovida pelos Amigos do Palacete e que contou com o apoio do município. Júlio Lima morreu há precisamente 81 anos.
Em declarações aos jornalistas, Fernando Mendes, que tem procurado de diversas formas recordar a vida e obra de Júlio Lima. referiu que tem sido feito “muito pouco” em torno de um homem que tanto fez pela cidade. Recorde-se que o homem que dá nome a um dos palacetes icónicos da cidade, foi um dos maiores benfeitores da história de Braga, apoiando a construção de escolas e ajudando famílias carenciadas.
Presente na ação de homenagem esteve também o presidente da Junta de Freguesia de S. Vicente, que acolhe a partir de hoje uma exposição fotográfica dedicada a Júlio Lima. Daniel Pinto disse que esta é uma homenagem justa. O autarca admitiu que “seria muito bonito que o ministério da cultura adquirisse o imóvel”, ainda que reconheça dificuldades nesse sentido. Espera que o imóvel seja vendido, recuperado e preservado, obedecendo a todas as regras.
Nesta fase, o Palacete Júlio Lima está à venda, depois do fim de um processo longo nos tribunais até que ficasse nas mãos dos familiares e herdeiros.
Já surgiram algumas propostas privadas, mas até agora a família não fechou qualquer negócio. Certo é que os três herdeiros não reúnem financiamento suficiente para a recuperação daquele imóvel de interesse público cada vez mais degradado. Recentemente, em declarações à RUM, o presidente do Município de Braga descartou qualquer hipótese de aquisição por parte da autarquia, dado o valor de investimento necessário para a sua recuperação, conservação e manutenção.
Recorde-se que Júlio António de Amorim Lima nasceu nos Arcos de Valdevez, em 19 de Março de 1859 e faleceu em 09 de setembro de 1942 (83 anos). Foi um industrial e filantropo português, e benemérito da cidade de Braga.
Júlio Lima mandou construir o seu palacete de residência na freguesia de São Vicente, em Braga, ainda em finais do século XIX. Na segunda década do século XX, mandou abrir uma rua em frente ao seu palacete, cujo nome foi proposto pelo então vereador Ferreira Capa, em reconhecimento das muitas acções beneméritas do ‘bracarense’. A Câmara Municipal associou-se à homenagem e aprovou a designação, em 28 de Agosto de 1922.
O nome da “Rua Júlio Lima” seria confirmado a 23 de Janeiro de 1930. Dos dois lados da rua mandou construir casas rústicas, as do lado poente de arquitectura melhorada, dando trabalho aos operários, em época de crise da construção civil.
Em 1937, pediu à autarquia que lavrasse a acta do oferecimento e ainda da conservação daquele pequeno troço. A Câmara Municipal expressou um voto de louvor. Em 6 de Setembro de 1937, pelas 19h, é inaugurada a Luz Eléctrica nesta rua.
O arquitecto do palacete e das casas que ladeiam a rua de seu nome foi o mesmo do Theatro Circo de Braga: João de Moura Coutinho de Paiva Cardoso de Lima de Almeida d’Eça.
Aos 80 anos ainda dirigia a fábrica de chapéus de Braga, «A Industrial», e a Fábrica Nova da Romeira, de fiação e tecidos, em Alenquer.
Ao morrer, deixou parte da sua fortuna à filha que teve fora do casamento. O palacete e outros bens ficaram para uma afilhada, Maria José Ferro. Como esta morreu sem descendência em 2016, o palácio é propriedade dos seu irmãos e sobrinhos, estando à venda desde 2023.
