Jovens são cada vez mais expostos a conteúdos sexistas e violentos nas redes sociais

As redes sociais estão a normalizar conteúdos sexistas, misóginos e de violência, comportamentos impulsionados por influenciadores digitais seguidos por muitos jovens. O alerta é do fundador do projeto ‘Agarrados à Net’, Tito de Morais, à RUM, associação que ajuda famílias, escolas e comunidades a promover o bem-estar digital de crianças, jovens e adultos.

Embora haja conteúdo positivo e educativo desenvolvido nas redes sociais, Tito de Morais sublinha que quando alguém afirma num podcast que atropelou outra pessoa e fugiu e passa de 30 mil para 50 mil seguidores, a leitura que os mais jovens podem fazer é que “se fizerem algo semelhante vão aumentar o número de seguidores”.

Outro caso citado pelo responsável é de uma jovem que quis conhecer os ídolos do TikTok e que terá sido violentada. A Polícia Judiciária deteve, no final de março, quatro suspeitos de filmarem a jovem de 16 anos, com o vídeo a ter mais de 32 mil visualizações. “Temos grupos no Telegram em que homens combinam encontros com o intuito único e exclusivo de filmar e fotografar essas relações, para depois partilhá-las em grupos, estamos a normalizar esse tipo de comportamentos, quando temos 70 mil pessoas a seguir esse grupo”, lamenta.

Para o responsável, não só os pais, como a escola e a sociedade deve garantir que os jovens não sejam expostos a riscos desnecessários na Internet. Para os pais, Tito de Morais indica três passos para zelar pela segurança dos filhos: conhecerem as plataformas que usam; quem são as figuras de referência nas redes sociais; e o que é essas pessoas dizem e que valores defendem.

Alerta ainda que as consequências para os jovens que são expostos ou vítimas de conteúdos sexistas, misóginos ou de violência, passam por acreditar que “protagonizar filmes de cariz pornográfico” pode ser uma forma faturar dinheiro rapidamente, além da dependência de conteúdos pornográficos, “algo reconhecido pela Organização Mundial de Saúde”. Por isso, o grupo defende que os pais devem acompanhar a utilização que os filhos fazem na internet para detetarem quaisquer sinais de alerta que possam surgir, que passam por “uma pura e simples uma mudança de comportamento”.

As empresas responsáveis pelas redes sociais devem ter um “papel mais ativo e mais interventivo”


Sobre o papel das plataformas, Tito de Morais aponta que acabam por intervir somente em questões legais, já em conteúdos que ataquem situações “éticas e morais, é difícil as plataformas intervirem”. Propõe, assim, que as empresas devem haver um “papel mais ativo e mais interventivo das redes sociais, nomeadamente, por exemplo, à criação de mecanismos de verificação de dados”, vinca, sublinhando que a legislação “fica sempre para trás”, “a sempre tentar recuperar o prejuízo”.

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Marcelo Hermsdorf
Marcelo Hermsdorf

Jornalista na RUM

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