Jovens de escolas secundárias de Braga trocam sala de aula por debate de ‘jotas’

Sete jovens ligados a partidos políticos com representação na Assembleia da República (AR) fizeram-se ouvir, no auditório do Centro de Juventude de Braga, perante uma plateia de estudantes de diferentes escolas do ensino secundário, esta terça-feira. ‘Politiques à séria’ é o nome da iniciativa promovida pelo pelouro da juventude do município de Braga, com vista à consciencialização dos mais novos para a importância da política e de uma cidadania ativa.
Participaram representantes mais jovens do PS, PSD [AD], PAN, Livre, Chega, BE e IL. Durante a manhã desta terça-feira apresentaram ideias, nomeadamente para a educação, habitação e emancipação jovem, temas que os estudantes presentes escutaram com atenção e, nalgumas situações, com reações mais expressivas às intervenções dos representantes dos partidos presentes no debate.
No que respeita à educação e de forma particular ao ensino superior, Hugo Teixeira, da JS, defendeu o caminho para a gratuitidade total. “Acreditamos que o reforço da escola pública é fundamental, uma habitação que responda aos desafios atuais com o reforço da habitação pública e do setor privado”, notou. Sobre a emancipação, considera que “depende de muitos fatores”, nomeadamente “melhores salários, mais emprego e capacitação cada vez maior dos cidadãos”.
Ricardo Mesquita, da JSD, assinala que a mudança está na mão dos jovens. No seu discurso, notou que a habitação estudantil é uma matéria que preocupa a Aliança Democrática. “A nossa proposta também é a construção de residências estudantis. A AD acredita que é um vetor fundamental porque é o maior custo que os jovens têm, quando se têm de deslocar, muito mais até do que a propina”, refere.
Clara Almeida, da Iniciativa Liberal diz que é preciso tornar Portugal economicamente atrativo para impedir que os jovens procurem outros países. Considera também que as escolas devem ter mais autonomia. “Defendemos uma maior descentralização da educação, dar mais autonomia às escolas para terem mais poder de decisão”, explica.
Adriano Cruz, jovem militante do Chega em Braga disse que é preciso travar a partida de jovens para outros países. “Queremos guardar o nosso povo e a nossa juventude, o nosso futuro. Queremos promover vários apoios na educação e na habitação, como a compra da primeira casa. O Chega sempre defenderá a nossa pátria e os vossos interesses. Conto convosco para ouvir e para tomarem a decisão do voto para o que querem para o futuro do vosso país. Se querem um futuro sólido ou um futuro perdido como nos têm dado desde o 25 de abril”, atirou.
Gabriel Castro, da JCP, sustentou a importância de um ensino completamente gratuito do princípio ao fim, e a par disso, a construção de residências universitárias. “Defendemos o fim das propinas, taxas e emolumentos, não só para os exames mas também o pagamento de recursos”, referiu, sublinhando a necessidade de construção de mais residências universitárias que permitam aos jovens prosseguirem os seus objetivos, independentemente da sua situação socioeconómica”.
Já Rafael Pinto, ele que aos 27 anos é cabeça de lista do PAN pelo distrito de Braga, considera que é preciso revolucionar e modernizar o sistema de ensino. “Para nós, a educação precisa de mais investimento porque tem de ser muito mais personalizada. Não é culpar o tiktok e as redes sociais porque os jovens têm um período de atenção curto, quando depois conseguimos ver livestreams de duas ou três horas ou podcasts. Não é o período de atenção que é curto, é a forma e aquilo também que vocês efetivamente querem aprender. A nossa perspetiva é revolucionar o sistema de educação para garantir que todos aprendem da melhor maneira e podem explorar o vossso potencial”, argumenta.
Por fim, Teresa Amorim, do Bloco de Esquerda, desafiou os jovens das escolas secundárias presentes no ‘Politiques à séria’ a equacionarem o papel individual na sociedade civil. Referindo que entrou para a vida política “através dos ativismos”, a jovem explicou que é preciso “descolonizar as escolas, trazer a agenda feminista e reivindicar o lugar o nosso lugar como agentes políticos”, explicou para assinalar logo de seguida que o BE defende por estas e outras razões o voto aos 16 anos.
As eleições legislativas acontecem a 10 de março. O pelouro da juventude pretende promover mais iniciativas do género aquando das comemorações dos 50 anos do 25 de abril e, de seguida, a propósito das eleições europeias, agendadas para junho.
João Alcaide, do pelouro da juventude no Município de Braga notou que os objetivos passam por mostrar a importância “da democracia, da liberdade, da participação e a relevância que tem cada um de nós participar e intervir civicamente na comunidade”. O nome escolhido, politiquices à séria, não foi ao acaso. “É irreverente e disruptivo. Muitas vezes o termo é utilizado numa forma pejorativa e nós quisemos brincar com o termo e fazer isto a sério, trazendo temas para cima da mesa que importam aos jovens”, esclarece.
