João Cerejeira antevê “muito bluff” sobre OE e uma legislatura que não chegará ao fim

João Cerejeira diz ser difícil que a nova legislatura se cumpra até ao fim. Em entrevista à RUM, o professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho adianta que haverá, a partir de agora, muito bluff em relação a tomadas de posição quanto ao próximo Orçamento do Estado.
Para João Cerejeira, o próximo Governo terá como primeiro grande teste as eleições Europeias. “Se a AD voltar a ganhar, com uma expressão eleitoral maior do que nas legislativas, fica mais forte para as negociações do Orçamento”, afirmou.
Para o docente, as negociações do Orçamento do Estado (OE) vão ser o momento mais visível da instabilidade da atual composição do Parlamento. “O partido que reprovar o orçamento corre um risco grande de ser penalizado do ponto de vista eleitoral”, denotou João Cerejeira, antevendo, por isso, “muito bluff”. “Haverá tomadas de posição aparentemente fortes e irredutíveis, mas, depois, provavelmente, haverá interesse em que haja alguma concertação”, acrescentou.
Para Cerejeira, “as linhas vermelhas” que, por exemplo, o Chega já começou a apontar, “é mais bluff do que propriamente concretização”. Até novembro, o economista antevê a tentativa de “capitalizar as medidas que têm o efeito sobre a despesa, como o aumento das reformas ou dos vários subsídios”. “André Ventura quis marcar a agenda já no dia a seguir às eleições, ainda que os resultados finais não estejam fechados, mas é uma estratégia”, referiu.
João Cerejeira acredita que “será difícil cumprir a legislatura até ao fim”. “Se a economia melhorar, vai tirar espaço de lançar uma oposição de censura. Se há uma subida do desemprego ou não houver melhorias nos serviços públicos, aí haverá a tentação de terminar com a legislatura”, apontou o docente. No entanto, lembrou, “em janeiro de 2026, temos eleições Presidenciais, e, nos seis meses anteriores, o Presidente da República não pode dissolver a Assembleia”. “Se o Governo conseguir passar o Orçamento de 2025, é provável que se mantenha em funções até meados de 2026, pelo menos”, frisou.
