João Carvalho: “Os festivais em Portugal fazem serviço público”

O director do Vodafone Paredes de Coura considera que o festival é um exemplo de que é possível superar as questões monetárias com criatividade. João Carvalho participou esta tarde na conferência ‘Aposta nas artes e na cultura em Portugal’, inserida na primeira edição das Jornadas do Debate, organizada pela Associação de Debates da Universidade do Minho no Campus de Gualtar.
Num painel que contou também com a presença de Paulo Brandão, programador do Theatro Circo, João Carvalho, que é igualmente CEO da Ritmos, referiu que a evolução que o certame tem apresentado “prova que nem sempre é o dinheiro cque traz a cultura”. “Sinto que organizo um dos principais festivais nacionais, que tem dimensão europeia, num lugar tão pequeno, com uma câmara local com pouco orçamento, e que de repente se tornou numa referência nacional e internacional”, explica.
Em 2019, o IVA baixou de 13% para 6% nos ingressos para espectáculos culturais. Destacando que a organização do festival nunca recebeu qualquer apoio directo do Estado, João Carvalho elogia a atitude do Governo de diminuir a percentagem e realça que é necessário o Executivo “olhar” para as empresas que gerem este tipo de eventos. “Os festivais em Portugal fazem serviço público. Foi por isso que lutámos tanto para que o IVA baixasse. Nós temos quase substituído o Ministério da Cultura”, acrescenta, salientando que ainda existe uma “luta desigual” com os outros países, o que se reflete, por exemplo, na contratação de bandas.
O programador do Theatro Circo também esteve presente no debate. Afirmando que desde 2006, ano em que foi reaberto, “muita coisa foi transformada”, Paulo Brandão considera que o espaço bracarense é actualmente “um dos espaços mais ecléticos”. “Não está condicionado a fazer só quase dança, como o Rivoli, ou concertos, como acontece, por exemplo, em Lisboa. Há uma série de características que faz com que tenhámos todas as artes de palco. Esse ecletismo é pouco vulgar a nível nacional. Marcamos a diferença de certa forma”, acrescentando que, em média, 100 mil pessoas passam pelo local durante o ano.
A ligação entre as salas de espéctaculo e as autarquias foi outra dos temas em destaque. Paulo Brandão enaltece que o Theatro Circo tem servido como “epicentro para muitas iniciativas que estão a acontecer”, nomeadamente com a colocação da “cidade em movimento” através de certames ligados a diferentes disciplinas artísticas, nas quais está também incluída a vertente formativa.
