Investigadoras do INL vencem bolsa de 1 ME para projecto sobre Parkinson e cancro

Lorena Diéguez é responsável por um projecto que pretende ajudar os pacientes com cancro colorretal, combinando a bioimpressão em 3D e técnicas avançadas de biópsia líquida num dispositivo “organ-on-a-chip”. O objetivo é fornecer aos médicos novas ferramentas para entender e acompanhar em permanência a evolução da doença em pacientes com cancro colorretal metastático e, desta forma, melhorar a respectiva taxa de sobrevivência.

O projecto “BioPrinted hydROgel MicrofluldicS to mimic patient-specific tumor mEtastatic microenvironment” é liderado pelo Institut de Bioenginyeria de Catalunya e coordenado por Elena Martínez, incluindo também Elena Elez, da Fundació Institut Investigació Oncològica Vall Hebrón (VHIO), ambos da Espanha.

A investigação pretende ajudar os pacientes com cancro colorretal, que habitualmente apresentam um bom prognóstico quando o tumor é localizado de forma atempada. A partir do momento em que o cancro se espalha e ocorre a metástase, as opções terapêuticas são limitadas e torna-se difícil prever a resposta do paciente ao tratamento oncológico escolhido. Os novos métodos de bioimpressão em 3D permitem a geração de modelos de células tridimensionais que imitam a fisiologia humana para testar novas estratégias terapêuticas em laboratório. Esses modelos têm a vantagem de imitar com precisão o tumor específico do paciente e respetivo ambiente circundante. Uma biópsia líquida pode monitorizar de forma não invasiva a resposta terapêutica em tempo real, através do estudo das células tumorais que estão na corrente sanguínea e que são responsáveis pelo processo de desenvolvimento de metástases ou tumores secundários.

Técnica estudada pela investigadora do INL “vai permitir uma melhor compreensão da doença que afecta mais de um milhão de pessoas na Europa”

O INL, em colaboração com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, vai ser a instituição-sede do projecto “Diamond photonics platforms for synaptic connectivity assessment in healthy and Parkinson disease neuronal models” (Diamond4Brain), coordenado por Jana B. Nieder.

Segundo Jorge Fiens, do INL, este projecto visa “aplicar as mais recentes tecnologias em mecânica quântica para medir mudanças na actividade e conectividade dos neurónios, através de nano-sensores de diamante que emitem luz fluorescente em resposta às mudanças na temperatura das células e no campo magnético”.

Com recurso a uma tecnologia com elevada sensibilidade, a investigação vai ser testada em cérebros em miniatura (organóides) para validar a técnica em neurociência. Esta técnica vai permitir uma melhor compreensão da doença que afecta mais de um milhão de pessoas na Europa, melhorar o diagnóstico precoce, para além de permitir desenvolver tratamentos mais precisos e eficazes.

O projecto conta com a colaboração do ICVS – Life and Health Sciences Research Institute – da UMinho e com a Universidade de Aveiro. A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente no mundo, mas, até agora, existem apenas algumas ferramentas de diagnóstico ou opções terapêuticas.

INL confiante na apresentação de resultados até 2023

Cada uma das investigadoras premiadas vai receber cerca de um milhão de euros. A concurso estavam mais de 600 projectos internacionais. “Estamos muito satisfeitos com a atribuição destes apoios, num concurso bastante competitivo. Deixa-nos muito orgulhosos pela qualidade da investigação feita no INL”, afirmou Jorge Fiens. 

Os dois projectos terão que apresentar resultados até Setembro de 2023, nomeadamente ao nível de tratamentos inovadores. “Estamos seguros que vamos conseguir, através das parcerias que temos com a UMinho e a Universidade de Aveiro, bem como com as instituições espanholas”, acrescentou o responsável.