Investigador da UMinho vence prémio Bial de Medicina Clínica

O investigador da Universidade do Minho Tiago Gil Oliveira venceu o Prémio Bial de Medicina Clínica 2024, pelo trabalho que permite identificar as regiões do cérebro mais afetadas pela doença de Alzheimer.

A investigação, premiada com 100 mil euros, “revelou que certas regiões do cérebro são afetadas de maneira diferente pelas várias proteínas tóxicas responsáveis pela doença de Alzheimer”, comprometendo “o funcionamento cerebral normal” e provocando “sintomas como a perda de memória de curto prazo e a desorientação espacial”.

O neurologista no Hospital de Braga e presidente da Sociedade Portuguesa de Neurociências tem procurado formas de identificar a doença antes dos primeiros sintomas aparecerem. “Com a compreensão da patofisiologia da doença de Alzheimer, agora também conseguimos perceber quais é que são as alterações a nível molecular que conseguimos identificar com o que nós chamamos de biomarcadores. Assim, conseguimos identificar alguns dos aspetos que ficam alterados, relacionados com a doença de Alzheimer, ainda antes dos sintomas aparecerem”, explica à RUM o cientista. A equipa que lidera pretende “identificar a doença numa fase precoce, antes de as regiões do cérebro ficarem degeneradas, para instituir as terapias, para melhorar ou prevenir estas alterações nestes doentes”.


O investigador, acompanhado por uma equipa multidisciplinar, tenta agora abrir novos caminhos para perceber cada vez melhor a doença. “Para além destas variantes genéticas que também aumentam a probabilidade de apresentar sintomatologia e dentro destes outros fatores, para além dos genéticos, também são aquilo que nós chamamos das copatologias, outras alterações que também podem contribuir para os sintomas aparecerem não só numa fase mais precoce, mas também com maior intensidade e com outra gama de sintomas associados. A doença de Alzheimer e as doenças do cérebro, às vezes, não são as únicas que afetam o cérebro e podem coexistir com outras doenças e com isso também tornar maior o desafio, não só do diagnóstico da doença, mas também o seu tratamento”, acrescenta. Segundo Tiago Gil Oliveira, “as doenças cerebrovasculares ou até outras acumulações tóxicas de outras doenças neurodegenerativas podem ocorrer com a doença de Alzheimer” e, nesse sentido, investigam-se, agora, “as alterações ao nível da ressonância magnética nestes doentes, que, depois, permita não só fazer um melhor diagnóstico mais específico da doença de Alzheimer, mas também desenhar novas terapêuticas em revertam estas alterações”.

“Não em Portugal e na grande maioria dos países da Europa, mas em muitos países do mundo já temos terapias que foram aprovadas para alterar o curso da evolução da doença de Alzheimer, diminuindo ou atrasando, melhor dizendo, o déficit cognitivo que se instala ao longo do tempo na doença de Alzheimer. Essas investigações que levaram a estas terapias são focadas na compreensão da fisiopatologia da doença de Alzheimer, em que o objetivo é retirar parte destas acumulações tóxicas do cérebro. Eu diria que não é a única via para tratar a doença de Alzheimer, até porque ainda não foi aprovada porque ainda não é completamente segura, daí ser muito importante, não só a minha equipa, que se dedica a estudar novas e outras alternativas para o tratamento da doença de Alzheimer, assim como outras equipas em todo o mundo que se dedicam a este problema”, explica.

O Prémio Bial de Medicina Clínica, atribuído de dois em dois anos, “visa galardoar uma obra intelectual, original, de índole médica, com tema livre e dirigida à prática clínica, que represente um trabalho com resultados de grande qualidade e relevância”.

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Liliana Oliveira
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