INL envolvido em “avanço enorme” na física quântica

Investigadores do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em colaboração com uma equipa internacional, alcançaram um marco importante no estudo das propriedades quânticas da matéria, agora publicado na revista científica Nature Materials.

Os cientistas conseguiram, pela primeira vez, medir com precisão sem precedentes a evolução do hiato energético em cadeias atómicas – um feito que confirma previsões fundamentais da física quântica e poderá abrir caminho para novos materiais magnéticos à escala atómica.

Em entrevista ao programa UMinho I&D, o investigador João Henriques, do grupo de Teoria de Nanoestruturas Quânticas do INL, explica que estes resultados eram previstos há “70, 80 anos” mas “experimentalmente, nunca tinha sido possível realizar”. “Não havia um estudo sistemático que mostrasse que, à medida que esta cadeia cresce, o hiato, desaparece”, assegura, acrescentando que “é a primeira vez que alguém consegue provar esta previsão.”

Segundo o mestre em Física pela Universidade do Minho e doutorando na Universidade de Santiago de Compostela, no que diz respeito a aplicações práticas desta descoberta, “é um passo na direção certa” mas “é complicado dizer o que vamos tirar daqui”.

“É importante que o público perceba que há uma grande distância temporal entre a descoberta e a aplicação”, lembra João Henriques, lembrando que este é “um avanço enorme do ponto de vista fundamental” e que “esta classe de materiais pode ter ótimas aplicações, por exemplo, para desenvolver novos tipos de computação quântica.”

“A qualidade da investigação científica deve ser julgada pelo seu conteúdo”  

O estudo “Spin excitations in nanographene-based antiferromagnetic spin-1/2 Heisenberg chains” foi publicado na revista científica Nature Materials que está no top 35 mundial das mais citadas.

Para João Henriques, estar neste tipo de publicações tem um impacto “inegável” mas “não devemos guiar só a qualidade da ciência com base nos jornais onde os artigos são publicados”. 

Publicar na Nature Materials “dá trabalho” e “é caro”. “Tenho sorte de, no projeto em que estou inserido, haver dinheiro suficiente para cobrir este tipo de publicações. E, sem dúvida, tem um ótimo impacto na minha carreira. Mas quero mesmo realçar que a qualidade da investigação científica não devia ser julgada unicamente pelos jornais onde são publicados, mas verdadeiramente pelo seu conteúdo“, finaliza o investigador.



Programa Cientista Regressa à Escola é “uma experiência incrível”


Para além da investigação, João Henriques está envolvido no programa Cientista Regressa à Escola, da organização  Native Scientists, que tem como objetivo tornar Portugal o primeiro país onde todas as crianças de 10 anos já conheceram um cientista da terra-natal. 

O investigador sublinha que “é a partir dessa idade que a maior parte das crianças começam a experienciar um desinteresse pela ciência, por isso o objetivo do programa é apanhá-las antes desse desinteresse começar a aparecer.” Esta tem sido “uma experiência incrível para todos os envolvidos, quer para o investigador que vai falar, quer para as crianças”. “No final, eu pergunto quem é que quer ser cientista, a maior parte deles levanta a mão. De repente está ali um novo interesse que eles encontram na ciência”, garante. 


O UMinho I&D com João Henriques está disponível em podcast no site da RUM. 



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Ariana Azevedo
Ariana Azevedo

Jornalista na RUM

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Sara Pereira
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