ASMOTAP sugere quartel dos Sapadores para nova sede. CMB cede Junta da Cividade

A ASMOTAP – Associação dos Motoristas Aposentados dos TUB – teme ser despejada das atuais instalações, no Museu dos Biscainhos, em breve.
Instalados na zona norte do Museu desde 2011, depois de um acordo informal celebrado no tempo do autarca socialista Mesquita Machado, a Associação “foi convidada” a abandonar as instalações, devido às obras de requalificação no Museu, tendo recebido uma notificação para “deixar livre a parte do imóvel onde tem bens próprios, até dia 01 de Março”, data que se prolongou, depois, até 30 abril deste ano.
Entretanto, e sem espaço para acolher a Associação, Manuel Gomes, presidente da ASMOTAP, diz que “quando tiverem um novo espaço”, a Associação deixa as atuais instalações, mas, até lá, recusam-se a abandonar a sede, que lhe foi atribuída pelo município, há dez anos.
Contactado pela RUM, o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, adianta que “a Associação foi instalada numa situação de favor, em instalações que não pertenciam ao município de Braga no passado”. “Respeitamos muito o trabalho da Associação e queremos continuar a apoiá-la no desenvolvimento da sua atividade, tanto que, por força do projeto em curso para requalificação do Museu dos Biscainhos, disponibilizamos condições para que a Associação pudesse continuar a promover os seus ensaios e atividades culturais, que foi a sede da Junta da Cividade. Os responsáveis entenderam que não era suficiente e queriam outro espaço, naturalmente que o município não tem espaços disponíveis para fins de convívio”, explicou o autarca.
Ricardo Rio lembra ainda que “a Câmara nem sequer é um interveniente direto, porque o palácio está entregue ao Ministério da Cultura e pertence formalmente à Comunidade Intermunicipal do Cávado”.
Segundo Manuel Gomes, a autarquia terá oferecido o salão da Junta para que o grupo pudesse fazer os seus ensaios semanais, “mas o espaço para a Associação funcionar, que é o que está em causa, não existe”. “Houve uma reunião para ver se aceitávamos guardar as coisas num armazém ou garagem e que arranjavam uma sala para fazermos reuniões. Não é disto que precisamos, a Associação não funciona deste jeito”, acrescentou.
Manuel Gomes adiantou ainda que já sugeriu “o antigo quartel dos Bombeiros Sapadores”, na rua do Ferraz, mas a hipótese foi desde logo recusada pela autarquia, que já tem planos para o espaço, destinado à Proteção Civil.
“Houve uma tentativa desenfreada de nos por dali para fora, sem olhar para onde vamos, como quem corre um bando de pássaros”
A representante legal da Associação tentou contactar a Câmara de Braga, com o objetivo de chegar a acordo quanto ao espaço que possa acolher a nova sede, tendo enviado uma carta a Ricardo Rio, à qual não obteve resposta. Na carta, a que a RUM teve acesso, é apontado que “não é indicado por quanto tempo duram as obras (no Museu) e onde é que a Associação se instala até as obras estarem concluídas”.
No mesmo documento, é referido que “a ASMOTAP é uma instituição que tem como missão e objetivo estimular a criação e o convívio sociocultural , através da união que fomenta entre os trabalhadores e antigos trabalhadores da TUB, respeitando a história, os valores e a tradição da empresa e da cidade, tornando a cidade mais atrativa a quem a visita, difundindo e valorizando o património humano, social e cultural da cidade”. “Julgamos ser do interesse do Município de Braga a defesa desta Associação, através da formalização do contrato de cedência gratuita da sede (aquela ou outra condigna onde possa funcionar), que permita a subsistência da Associação”, lê-se ainda.
O autarca diz que a carta “não merece resposta, porque evoca direitos legais que não existem”.
“Houve várias reuniões com a associação, numa lógica de boa fé e colaboração do município, no sentido de tentar resolver o problema de uma das associação que respeitámos, mas cujo interesse nao se sobrepõe ao interesse coletivo de ter um espaço como os Biscainhos requalificado”, justificou.
“Houve uma tentativa desenfreada de nos por dali para fora, sem olhar para onde vamos, como quem corre um bando de pássaros. Não se trata assim as pessoas, somos ex-funcionários do quadro do município e fomos instalados pelo município, ainda que por outro presidente”, lamentou Manuel Gomes.
O presidente da ASMOTAP estranha ainda o silêncio dos intervenientes desde 30 de abril. Este é um processo que se arrasta no tempo, mas Manuel Gomes teme que “quando as eleições acabarem este silêncio se torne num não silêncio, numa tentativa desenfreada como foi a de março”.
Os associados acreditam que “a Associação e o seu grupo Musical poderão vir a desaparecer”, se não for encontrada uma alternativa.
