Hospital de Braga regista 102 casos de violência sobre profissionais em 2021

Em 2021, o Hospital de Braga registou 102 situações de violência sobre profissionais de saúde, um aumento de 25% face ao ano anterior. Também no ACES Cávado 1 – Braga os números têm aumentado. Dos 200 profissionais que responderam a um inquérito, 56% assume já ter sido vítima de violência. Por dia, há pelo menos quatro agressões nos hospitais portugueses.
Os números foram revelados esta segunda-feira, na apresentação da campanha “Braga respeita quem cuida”, que junta o hospital, a PSP, a Câmara Municipal, o Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES) Cávado 1 – Braga, o Sporting Clube de Braga, os Transportes Urbanos de Braga (TUB) e a Autoridade para as Condições do Trabalho.
Segundo o presidente do conselho de administração da unidade hospitalar bracarense, João Porfírio Oliveira, a maioria das agressões acontece nos serviços administrativos e consulta externa.
“A violência no setor da saúde tem um elevado impacto e provoca importantes repercussões nas instituições hospitalares, afetando o desempenho dos profissionais e a qualidade da prestação de cuidados, pelo que a sua diminuição se revela um desafio não só em Portugal, como em todo o mundo”, referiu.
No ACES Cávado 1 – Braga, foi realizado um inquérito a 200 dos 700 profissionais de saúde que ali trabalham. Destes, 56% assume já ter sido vítima de violência no local de trabalho. De acordo com Domingo Sousa, diretor executivo, dos profissionais que responderam afirmativamente “53% tinham sido vítimas de violência verbal, 24% de assédio moral, 10% de violência física e 4% de assédio sexual”. “Foram identificadas algumas das razões que podem levar a estes episódios de violência: literacia em saúde, problemas no acesso e as solicitações dos utentes não respondidas pelos médicos”, acrescentou Domingos Sousa.
João Porfírio de Oliveira elencou algumas das medidas que já têm sido adotadas pelo Hospital de Braga para combater estas situações, que passam pela “criação do código de boa conduta ‘Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho’, a otimização da plataforma de registo de eventos adversos e a promoção da notificação por parte dos Profissionais de Saúde, a colocação de botões de pânico em todos os balcões de atendimento dos internamentos e consultas externas, a reformulação de gabinetes de consulta, de forma a assegurar que existe sempre um ponto de fuga para o profissional, a colocação de acrílicos nos balcões de atendimento das consultas externas; a implementação de um sistema de botão de pânico portátil nos Serviços de Psiquiatria e Serviço de Urgência de Obstetrícia, um projeto piloto que se pretende que seja alargado para outros Serviços do Hospital, e, não menos importante, a criação do Gabinete de Apoio ao Profissional”.
Profissionais de saúde vão entrar em campo com os jogadores SC Braga – GD Chaves e PSP dará formação
No entanto, a administração considera importante apostar na “consciencialização da comunidade para os impactos da violência no setor da saúde, para prevenção deste fenómeno e o incentivo da notificação de eventos adversos por parte dos profissionais de saúde”. Nesse sentido, leva a cabo uma campanha, que passa pela colocação de cartazes de sensibilização em diversos espaços no Hospital e em todos os ecrãs dos autocarros dos TUB, colocação de Outdoors e MUPIS por toda a cidade de Braga, realização de uma formação da PSP para os Profissionais de Saúde do Hospital e uma ação conjunta, em dia de jogo, com o Sporting Clube de Braga”.
A ação conjunta com o clube da cidade já tem data marcada. A 9 de outubro, dia em que os arsenalistas recebem o GD Chaves, todos os jogadores vão entrar em campo com profissionais de saúde, para alertar para este flagelo.
A PSP vai levar a cabo ações de sensibilização/ formação para dar a conhecer aos profissionais de saúde “alguns cuidados que podem ter para melhorar a sua segurança”, explicou o subintendente, Rui Pereira.
Além disso, esta força de segurança pretende ter “uma presença mais assídua nos estabelecimentos de saúde”. “Os dados que as forças de segurança têm ficam muito aquém dos dados que existem, já formalizados, nas próprias instituições de saúde”, acrescentou. Isso significa que muitas das situações de violência não chegam a ser denunciadas e isso será outro dos aspetos a trabalhar pela PSP, nesta campanha.
Segundo números da Direção-Geral da Saúde, todos os anos, 50% dos profissionais de saúde são vítimas de violência física ou psicológica. Altino Bessa, vereador na Câmara de Braga, mostrou-se surpreendido com os números apresentados, bem como Alan, diretor de relações institucionais, que alertou, também, para as consequências desta violência na família dos próprios profissionais.
