Hospital de Braga equaciona rastreio auditivo no ensino pré-escolar

A Organização Mundial de Saúde estima que em 2030 cerca de 630 milhões de pessoas no mundo tenham problemas auditivos. Em 2018 havia 466 milhões de pessoas com problemas associados à audição. A OMS quer por isso sensibilizar a população.
No Dia Mundial da Audição, o diretor do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Braga, Luís Dias lembra que este “é um problema que abrange todas as idades, desde os recém-nascidos, passando pelas crianças em idade escolar, adultos e seniores. Cada um na sua fase de vida pode ter problemas auditivos que interferem no dia a dia”.
Com hábitos da sociedade cada vez mais voltados para os volumes altos, o rastreio é uma das melhores estratégias para a prevenção.
“Vivemos numa geração multimédia e há uma estimativa de que na faixa etária dos 12 aos 35 anos, 50% das pessoas expostas a níveis traumáticos sonoros vão desenvolver problemas auditivos”, alerta. Por essa razão, os exames auditivos periódicos são determinantes “para ver se já têm algum défice”.
No Hospital de Braga, o número de rastreios está a aumentar em todas as faixas etárias e está a ser equacionada a hipótese de um rastreio no ensino pré-escolar
As crianças que nascem nesta unidade de saúde são todas rastreadas, à semelhança do que acontece nos restantes hospitais do país. O rastreio auditivo neonatal é feito antes da criança sair do hospital, uma prática que “pode ser determinante”, segundo aquele responsável. Sendo detetada alguma deficiência, o Hospital procura nos primeiros seis meses “prescrever uma reabilitação auditiva de maneira a que a criança consiga desenvolver o sentido de audição e com isso a fala”, explica Luís Dias.
Os défices de atenção e dificuldades de aprendizagem estão muitas vezes relacionados com dificuldade auditiva.
O próximo passo do Hospital de Braga pode ser avançar para um rastreio em crianças em idade escolar.
No dia Mundial da Audição, o diretor do serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Braga alerta, por isso, para a necessidade de todos estarem atentos a este problema.
Profissões mais expostas ao ruído preocupam comunicade médica
São várias as profissões de risco, dos músicos aos trabalhadores da construção civil. Os problemas de audição, apesar de afetarem todos os grupos etários, surgem cada vez mais em determinadas profissões, daí a necessidade de exames regulares à audição.
Já as perdas auditivas próprias da idade resultam em queixas comuns: ouvir mas não perceber o que é dito. Segundo o diretor do Hospital de Braga, a perda de audição nos sons mais agudos faz com que as pessoas idosas “ouçam as palavras distorcidas”. Problemas que resultam depois em perda de confiança desta franja da população na integração em grupos de convívio “precisamente porque não percebem o que lhes dizem”.
Um quarto da população global, cerca de 2,5 bilhões de pessoas, viverá com algum grau de perda auditiva em 2050. A previsão é do primeiro Relatório Mundial sobre Audição lançado pela Organização Mundial da Saúde, OMS.
O estudo, divulgado esta terça-feira, estima que sem medidas para prevenir e tratar este tipo de perda, pelo menos 700 milhões de pessoas precisarão de acesso a cuidados auditivos e outros serviços de reabilitação.
