Habitantes sentem-se seguros nos bairros sociais de Braga mas população em geral associa-os a insegurança

Uma parte dos bracarenses assume que não viveria perto de um bairro social e a maioria dos habitantes destes bairros assume existir discriminação associada ao local onde vive.
Esta é uma das conclusões do estudo “Impactos e Perspetivas de Beneficiários e Munícipes”, promovido pela BragaHabit e que será apresentado esta sexta-feira.
O administrador da empresa municipal, Carlos Videira, adiantou, em primeira mão à RUM, que “a generalidade das pessoas que vivem nos bairros geridos pela BragaHabit gosta do sítio onde vive, sente-se segura, tem, havendo naturalmente diferenças de bairro para bairro, uma boa relação com os vizinhos e participa nas atividades que são desenvolvidas nesse contexto”.
Foram inquiridos 100 indivíduos, entre o dia 17 de abril e o dia 7 de maio de 2024. Destes, 31 eram do Bairro Social das Andorinhas, 25 do Bairro Social das Enguardas e 44 do Bairro Social de Santa Tecla.
Dos 100 inquiridos, 74 dizem não querer abandonar o bairro, devido à idade avançada, problemas de saúde, ter vivido lá a vida toda e rendas do mercado livre muito altas. A grande maioria, 91%, considera a tipologia adequada, ainda que apontem algumas queixas relacionadas com “humidades, degradação geral e isolamento acústico”.
“Muitas das habitações estão a ser reabilitadas, mas essa obra não resolve problemas de raiz relacionados com a construção, com a ausência de acessibilidades, com a inexistência de elevadores, por exemplo”, acrescenta o administrador.
Carlos Videira adianta ainda a necessidade que os habitantes dos bairros sentem “de uma maior presença de equipas técnicas, equipas de fiscalização, não apenas da BragaHabit, mas também de outras empresas municipais, naquilo que diz respeito à gestão do espaço público, ou até mesmo de um próprio policiamento de proximidade, para resolver as questões do dia-a-dia, que dizem respeito ao ruído ou ao lixo que se deposita na rua”.
Cerca de 62% dos inquiridos considera haver discriminação pelo facto de viverem num bairro e a maioria reconhece existir “uma boa relação com a BragaHabit”.
A maioria das pessoas considera que os bairros são lugares seguros, admitem estar satisfeitos com os vizinhos e com o lugar onde vivem. A adesão às atividades do bairro parece acontecer mais no Bairros das Andorinhas.
As obras e manutenção, apoio aos moradores e controlo e penalização são aspetos que os inquiridos querem ver melhorados.
“Eventuais fenómenos de criminalidade não são de criminalidade violenta, nem são exclusivos de bairros desta natureza”
“No que diz respeito às pessoas que não vivem nos bairros, são munícipes em geral, eu julgo que existe uma perceção positiva daquilo que é o trabalho desenvolvido pela BragaHabit, ainda que muitas pessoas revelem não o conhecer em pormenor e a divulgação de informação sobre os programas e sobre os tipos de apoio é referido como uma nota a trabalhar”, disse ainda Carlos Videira. Além disso, é ainda indicada “a necessidade de maior fiscalização para que os apoios que são concedidos pela BragaHabit cheguem, efetivamente, a quem mais precisa”.
“Há uma percentagem elevada de pessoas que dizem que não gostariam de viver perto de um bairro social ou de habitação pública, o que demonstra que, efetivamente, há também aqui um caminho a fazer de ambos os lados no sentido de uma maior coesão social na nossa cidade, para que as pessoas percebam que, efetivamente, um bairro gerido pela BragaHabit é um bairro que tem os mesmos problemas, virtudes e potencialidades que qualquer outro”, destacou o administrador.
Os inquiridos apontam a insegurança e o vandalismo como problemas que associam a estes locais.
Para Carlos Videira, “as pessoas que vivem nos bairros sociais sentem-se seguras e, portanto, isso demonstra que eventuais fenómenos de criminalidade, que até possam existir em alguns deles, não são de criminalidade violenta, nem são exclusivos de bairros desta natureza”.
BragaHabit tem 520 famílias em lista de espera
O responsável destaca a importância de iniciativas como a Assembleia de Moradores, onde se reúnem associações de moradores de bairros ditos sociais e associações de moradores em que não existe qualquer propriedade pública, para “aproximar as pessoas e demonstrar que esse é um receio que não devem ter”.
“Temos que continuamente reforçar os mecanismos de fiscalização para que as pessoas que não cumprem com aquilo que são as suas obrigações sejam penalizadas, até porque hoje em dia existe um número muito grande de famílias em lista de espera, disponíveis para cumprir essas regras, de modo a ter os apoios habitacionais”, afirmou Carlos Videira. A BragaHabit tem, neste momento, 520 famílias em lista de espera.
O estudo permite à empresa municipal “fazer um diagnóstico”, “melhorar as respostas por cada um dos departamentos” e ainda “discuti-los com as Associações de Moradores” para ter em conta “as sugestões e começar a trabalhá-las em conjunto”.
