GUIdance. Elizabete Francisca explora crise da habitação em “Dias Contados”

O GUIdance – Festival Internacional de Dança Contemporânea começou no passado dia 6 e já levou a palco as criações de Vera Mantero, Joana Castro, Tânia Carvalho ou da Akram Khan Company. 


Sob o signo do feminino, a primeira metade da 10ª edição do festival ficou marcada pelo cruzamento entre coreógrafas consolidadas e emergentes e a promoção de estreias absolutas e nacionais. Até ao dia 16, data que assinala o fim do festival, uma das criações que irá a palco é “Dias Contados”, de Elizabete Francisca, uma jovem coreógrafa, que estreia a sua mais recente produção em solo minhoto.

“Dias Contados” é uma criação que explora a crise da habitação, flagelo do qual Elizabete Francisca foi vítima. Numa altura em que desenhava um novo projecto de dança, a coreógrafa recebeu uma carta de despejo no correio da casa que arrendava em Lisboa. A partir daí, questionou-se sobre se o seu drama pessoal, extensível a tantos outros, não seria assunto para tratar por via da arte.


A peça passa por abordar a crise da habitação nas grandes cidades. É um drama pessoal, meu e de colegas, que estão ou estiveram em risco de despejo“, comenta.


A proposta artística de Elizabete Francisca escapa de categorizações e situa-se entre a dança, a fotografia, a instalação visual e sonora, as artes visuais e o ensaio. A motivação, porém, é impulsionada por um problema real, que afecta a identidade do indivíduo. “Quis mostrar, em termos sociais e de relação pessoal, como é que a crise da habitação influencia e modifica a vida“, diz, acrescentando que quis explorar “de que modo é que o facto de as pessoas perderem uma casa, algo estrutural e e que devolve uma certa identidade, as afecta“.


Em palco, a criação de Elizabete Francisca é feita de vários momentos. Num dos que se pôde vislumbrar no ensaio de imprensa, a proposta colocou em palco duas personagens que, de modo ininterrupto, movimentaram os braços em rotação para representar o efeito de uma hélice, o início de algo.


No fim, “Dias Contados” quer mostrar o processo, antes do resultado. “A dança trabalha com a abstracção, e, para além de uma forma, age em processos internos, para quem cria e para quem faz. Só o processo de fazer, de tentar traduzir questões de uma forma não verbal, já faz com que a dança aja por si“, considera a coreógrafa.

“Dias Contados”, de Elizabete Francisca, é uma criação em estreia absoluta no GUIdance, Festival Internacional de Dança Contemporânea.  A peça tem lugar no CIAJG (Centro Internacional de Artes José de Guimarães) às 18h30 de sábado. Os bilhetes podem ser adquiridos aqui.

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Pedro Magalhães
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