Adolfo Luxúria Canibal: “Sempre houve vontade de trabalhar com outras artes”

Os Mão Morta actuam esta sexta-feira (22h30) no gnration. A banda bracarense, em formato reduzido, vai musicar a longa-metragem A Casa na Praça Trubnaia, filme mudo do russo Boris Barnet, de 1928.
O filme-concerto parte de uma encomenda do Close Up, mostra de cinema que se realizou em Famalicão, em Outubro passado. A banda estreou o espectáculo no festival e, entretanto, apresentou-o em Sintra e Coimbra. Abre agora o ano de concertos do gnration, em Braga.
À RUM, Adolfo Luxúria Canibal, vocalista dos Mão Morta, revela que a banda aceitou o repto da organização do Close Up por considerar que o filme proposto “é uma comédia suis generis, não muito vulgar no cinema russo”. “Achámos que podíamos fazer algo interessante, que nos iríamos divertir a trabalhá-lo“.
A ligação dos Mão Morta com outras disciplinas artísticas não é nova: em 2009, a banda bracarense musicou filmes da norte-americana Maya Deren, projecto que gerou o disco “Rituais Transfigurados – Mão Morta vs. Maya Deren”. Mais recentemente, aventurou-se pela dança, numa colaboração com a coreógrafa Inês Jacques, no âmbito do festival de dança contemporânea de Guimarães, Guidance. A constante necessidade de sair da zona de conforto é parte da identidade dos Mão Morta, em “trabalhar com outras artes”. “Sempre tivémos ligações muito fortes às artes plásticas“, lembra.
O reencontro dos Mão Morta com o cinema partiu da organização do Close Up, que deixou ao critério da banda a escolha de um filme relacionado com o desígnio do festival. A banda optou pela obra A Casa na Praça Trubnaia, uma sátira à hipocrisia da pequena burguesia, que sobrevivera na URSS à Revolução.
Adolfo explica que o trabalho dos Mão Morta à volta da longa-metragem de Barnet não versou sobre o conceito lato de banda sonora. “Não podíamos ficar pela mera ilustração sonora, fizemos toda a sonoplastia“, lembrando que o seu papel na banda, o de vocalista, não podia ficar de lado. “Uma banda sonora, em princípio, não tem voz e os Mão Morta têm voz, eu só tenho voz: utilizámo-la para ler os interlúdios do filme, numa tradução feita por nós, e acrescentámos ruídos relacionados com as imagens“.
Os Mão Morta apresentam-se em formato redux, com Adolfo Luxúria Canibal, Miguel Pedro e António Rafael, visto que “seria impraticável criar e ensaiar este trabalho tendo a banda tão dispersa geograficamente“.
Os bilhetes para o espectáculo custam 9€ e podem ser adquiridos aqui.
