Fundação José Neves quer 45% dos adultos com formação superior em 2040

Reduzir a taxa de adultos com baixa escolaridade em um terço, para 15%, e aumentar a percentagem de adultos com formação no Ensino Superior de 26% para 45%. Estas são algumas das metas para 2040 da Fundação José Neves, que apresentou esta quarta-feira o relatório ‘Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal’, numa cerimónia online.
O estudo, coordenado pela fundação e produzido por investigadores das universidades do Minho e de Aveiro, resulta de uma recolha, criação e análise de dados, indicadores e modelos econométricos, perspetivando, a partir daí, as próximas duas décadas.
Na vertente da educação, os objetivos passam por haver, no máximo, 5% de jovens adultos com baixa escolaridade em 2040, menos 20 pontos percentuais (p.p.) do que em 2019, e que 60% das pessoas nesse escalão etário tenham formação superior (mais 20 p.p.). No que diz respeito à conjugação entre as áreas da educação e do emprego, o relatório defende uma subida do número de adultos a participarem em iniciativas de educação e formação de 10% para 25%. Já a meta para os jovens recém-formados empregados é de 90% (atualmente, o valor ronda os 77%).
Na apresentação do trabalho, Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves, explicou que esta ambição tem em conta “as melhores práticas europeias, com base no top-5 de países em cada um destes indicadores”. “Daqui a 20 anos queremos que Portugal esteja onde estão os cinco países mais evoluídos em cada uma das dimensões”, refere, acrescentando que “será necessário continuar a trabalhar, posteriormente, nestas vertentes, até porque as outras sociedades também vão evoluir”.
Presidente da República alerta para desigualdades no mercado de trabalho e no seu acesso
O relatório ‘Estado da Nação’ tem como ponto de partida o século XX em Portugal e demonstra que o país estava muito atrasado, tendo havido uma evolução considerável depois do 25 de abril. Os números retratados baseiam-se, entre outras fontes, em números do Instituto Nacional de Estatística, do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Eurostat. O estudo mostra, por exemplo, que quase metade da população ativa tem apenas o ensino secundário e que a diferença salarial entre quem tem formação superior e alguém que possua apenas o 12º ano é, em média, de mais 750 euros.
João Cerejeira, um dos investigadores que participou no relatório, mostra-se preocupado sobretudo com três indicadores. “Um deles é a permanência de maus empregos, com contratos temporários e baixos salário, depois há uma desigualdade salarial muito forte entre homens e mulheres e também um gap geracional muito elevado”.
Nesta última vertente, o docente da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho evidencia “as diferenças de qualificação entre as gerações mais velhas, adultos com mais de 40 anos, e as mais novas”.
O Presidente da República também fez uma análise ao documento ‘Estado da Nação’. Através de uma intervenção gravada, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu o facto de “os portugueses e, em especial, os jovens e as mulheres estarem mais qualificados”. No entanto, alertou para o facto de haver “um desajustamento” entre a oferta educativa e o mercado de trabalho, a falta de requalificação da população ativa e de os jovens com curso superior “ganharem muito menos na entrada no mercado do trabalho, comparativamente com outras sociedades”, o que tem motivado, no seu entender, a emigração.
