Carlos Sá e o Vale da Morte: “Fiz o mesmo tempo que colegas que treinaram o dobro”

Considerada a maior figura da ultramaratona em Portugal, Carlos Sá completou cinco décadas de vida na véspera de Natal. Depois de mais de uma década ao mais alto nível, o barcelense terminou a carreira em 2018 e trabalha agora na organização de eventos.
Entre outros feitos, só no ano de 2013, bateu o recorde do mundo de Aconcágua – Cordilheira dos Andes, na Argentina, e ganhou o Trail Morzine-Avoria, nos alpes franceses, e o Badwater Ultra Marathon, nos Estados Unidos da América.
Entrevistado no programa RUM(O) Desportivo, o barcelense pega no exemplo da prova realizada no Vale da Morte da Califórnia, com uma extensão de 217 quilómetros, referindo que tinha colegas americanos que “fizeram o mesmo tempo e que treinaram o dobro dos quilómetros”. “Eles chegavam a fazer quase 400 quilómetros semanais e eu não conseguia fazer aquele volume de treinos. O meu corpo não permitia recuperar para os treinos seguintes”, recorda.
O atleta minhoto, que começou a praticar desporto para combater o vício do tabaco e o excesso de peso, deixou de competir devido à primeira e única lesão que sofreu. Prosseguir a carreira naquela altura, explica, seria “comprometer a saúde”. “Temos de saber colocar toda a nossa energia nos projetos quando temos oportunidade para isso e saber ouvir o nosso corpo. Se não me sentir confortável, se não for lá para desfrutar, e se estiver a sofrer, isso não funciona”, vinca.
Ainda assim, confessa que chegar à conclusão de que era necessário parar constituiu um processo “terrível”. Um dos aspetos que o ajudou foi continuar na modalidade, desta feita como organizador de eventos de corrida, através da Carlos Sá Nature Events, algo que o “preenche e ocupa muito”. A empresa é responsável, por exemplo, pela Gerês Extreme Marathon, Foz Côa Douro Trail Adventure, Trans Penêda-Geres, Sky Marathon Serra Amarela, Trail do Centro Penacova e o Grande Trail Serra d’Arga.
