Filho de emigrante famalicense estreia-se na Champions. “Só falta chegar à selecção”

É luso-francês, vai capitanear uma equipa da Liga dos Campeões e sonha com a chamada à selecção portuguesa de futebol. Filho de um emigrante famalicense natural de Oliveira Santa Maria, aos 32 anos, Damien da Silva ainda mantém a esperança de ser convocado por Fernando Santos.
Depois de ter feito grande parte da formação no Bordéus, o defesa-central iniciou a carreira como sénior no terceiro escalão francês, seguindo-se cerca de uma década nos escalões secundários, repartida por Chamois Niortais, Châteauroux, Rouen e Clermont.
Olhando para o passado, o atleta que se estreou na Ligue 1 pelo Caen, em 2014/2015, confessa, em entrevista à RUM, que “não pensava que um dia ia jogar a Liga dos Campeões”. “A minha carreira foi sempre em progressão e o que tenho alcançado é fruto do meu trabalho e empenho”, aponta as razões para o sucesso.
O caminho na principal competição de clubes a nível europeu arranca esta terça-feira, às 20 horas, com a recepção ao também estreante Krasnodar, da Rússia. No grupo E estão ainda os espanhóis do Sevilla e os ingleses do Chelsea. Damien da Silva adianta que o primeiro objectivo é “assegurar o terceiro lugar no confronto com a equipa russa”, dando o favoritismo do apuramento às outras duas formações.
“Em relação aos restantes jogos, precisamos de nos superar. Sabemos que é complicado, mas no futebol tudo é possível. Vamos dar o máximo para fazer bons resultados”, perspectiva, acrescentando que a experiência acumulada na Liga Europa nas duas últimas épocas “pode ser importante, apesar de a exigência ser diferente”.
A nível doméstico, na última época, o Rennes atingiu a melhor classificação de sempre na Ligue 1, com o terceiro lugar, atrás de Paris Saint Germain (PSG) e de Olympique Marseille, depois de na temporada anterior ter conquistado a Taça de França. Este ano, à sétima jornada, a formação capitaneada por Damien da Silva encontra-se no segundo lugar, a par dos parisienses, com 15 pontos, a dois do líder Lille.
Independentemente do posicionamento actual, o atleta não acredita que é possível lutar pelo título porque existe uma equipa, o PSG, que tem “outras forças” e que “deverá ser novamente campeã”. No entanto, Damien da Silva ambiciona quebrar mais recordes, garantindo que o Rennes pode “fazer ainda melhor e chegar ao segundo lugar”.
A abordagem do FC Porto e o sonho de representar Portugal
Aos 32 anos e perto de terminar contrato – expira em Junho -, depois de uma carreira inteira no futebol francês, Damien da Silva assume o desejo de abraçar um projecto noutro país, especialmente em Portugal. “Como tenho família em Portugal, era como um sonho. Adoro o país e adoro o estilo de jogo que se pratica”, refere, confidenciando que, no passado, os seus representantes “falaram com o FC Porto, não tendo existido, no entanto, uma real proposta”.
As ligações à nação de onde o seu pai é natural podem não ficar por aqui. Pelo menos é esse o objectivo de Damien da Silva. Mais perto do fim da carreira do que do início, o luso-francês revela que “chegar à selecção portuguesa é o único sonho que falta alcançar”. Não sabendo se Fernando Santos está a par do seu percurso, Damien da Silva reconhece que é “um patamar muito elevado”, considerando, por isso, “difícil” alcancá-lo.
Se, por um lado, os exemplos dos internacionais Anthony Lopes e Raphael Guerreiro, por terem em comum o facto de serem filhos de emigrantes, dão alguma esperança, o capitão do Rennes lembra que os dois atletas já estão no radar da Federação Portuguesa de Futebol desde os sub-21. “A federação já os conhece há muito tempo. Não é o mesmo para mim. É diferente”, ressalva.
Nascido na cidade gaulesa de Talence, Damien da Silva representou os sub-19 de França. Sobre a eventualidade de ser convocado para a formação principal de ‘Les Bleus’, o defesa-central considera que seria “impossível de recusar”. Contudo, “por causa da idade e por existirem muitos jovens jogadores”, Damien da Silva descarta qualquer hipótese de ser chamado por Didier Deschamps. “Não acredito que isso vá acontecer”.
