Festival literário ‘Utopia’ substitui feira do livro na agenda cultural de Braga

A tradicional Feira do Livro de Braga desaparece oficialmente a partir deste ano de 2023, dando lugar ao Festival Literário Utopia, de 2 a 12 de novembro. Utopia é o nome do festival que passa a ser uma marca resultado de uma parceria entre a promotora The Book Company e o Município de Braga. Neste novo evento cultural, os livreiros, autores e alfarrabistas da cidade de Braga são convidados a entrar, mas num modelo que não tem como objetivo central a dimensão comercial.
Os habituais stands serão convertidos em pequenos espaços expositivos instalados no Espaço Vita, local central do evento ao longo de onze dias escolhidos ao acaso pela organização para alavancar a hotelaria e a restauração da cidade dos arcebispos na designada época baixa. No ano passado, a Feira do Livro de Braga decorreu nas duas primeiras semanas de julho em pleno centro histórico da cidade, tal como em anos anteriores. Outro dos espaços onde o evento cultural decorreu ao longo de vários anos consecutivos tinha sido o antigo Parque de Exposições de Braga.
Escritora russa apontada como candidata a Prémio Nobel entre os autores internacionais já confirmados
O programa do Utopia ainda não está fechado, mas as primeiras confirmações foram reveladas esta segunda-feira, em conferência de imprensa, na Capela Imaculada, espaço que acolherá conversas e entrevistas com autores.
Ludmila Ulitskaya é o nome internacional mais badalado da lista. A escritora russa está exilada em Berlim e é há vários anos apontada como candidata ao Prémio Nobel da Literatura. Karina Sainz Borgo é outra das autoras estrangeiras confirmadas para o festival literário que abre a 2 de novembro no Theatro Circo com uma conversa entre Ricardo Araújo Pereira e Frederico Lourenço, moderada pela jornalista Maria João Costa.
Dulce Maria Cardoso, Susana Moreira Marques, Afonso Cruz e Frederico Lourenço são mais alguns dos autores que vão marcar presença no novo festival.
A ambição da promotora The Book Company é clara: Paulo Ferreira, diretor-geral, assume que pretende ver o Utopia como “o maior evento literário do país”, transformando ainda ‘Utopia’ numa marca conhecida “fora do país, sem nunca deixar de fazer o evento em Braga”, sublinha. “Em 2025 irá para Espanha e esperemos que em 2027 atravesse o Atlântico. Este é um dos elementos mais diferenciadores deste festival”, refere ainda. Um festival que será “reconhecido nacional e internacionalmente por todas as áreas do livro”, acrescenta.
“Territórios literários” é o tema da primeira edição, pensada para “explorar a ligação do território com a literatura, mas também os territórios como nós imaginamos e os escritores imaginam e que muitas vezes moldam a nossa forma de olhar a realidade”, detalha o diretor-geral.
A programação ainda não está fechada, mas o festival literário contempla conversas com autores, entrevistas de vida, workshops, oficinas e espetáculos.
“O Festival vai manter uma relação estreita com os protagonistas locais”, assegura autarca de Braga
Presente na conferência de imprensa de apresentação do festival literário, Ricardo Rio, autarca local, assegura que a relação com os protagonistas locais se mantém.
As mudanças, explica, fazem parte. Assumindo que se trata de uma opção, o edil de Braga não acredita em resistências ou críticas por parte daqueles que até aqui seguiam e protagonizavam a feira do livro da cidade. Questionado pela RUM sobre eventuais críticas, o autarca responde que “às vezes é preciso fazer ruturas, criar novas abordagens e reiventar os espaços”, considerando que o Utopia vai gerar “muito entusiasmo”, ainda que assuma a necessidade de um processo de “adaptação”.
“Esperamos que o festival Utopia se entranhe na nossa vida cultural e que seja um marco na afirmação de Braga nacional e internacionalmente”, conclui.
