Festival Internacional de Órgão quer democratizar cultura musical em Braga

De 6 a 15 de maio, todos os caminhos vão dar à Roma portuguesa com o 8º Festival Internacional de Órgão. O evento que na última edição trouxe a Braga mais de 5.000 pessoas está de regresso com grandes nomes nacionais e internacionais sempre com entrada livre.
“Teclas e teclados” foi o tema escolhido e que tem como objetivo dar a conhecer, não só a sonoridade do órgão, como de outros instrumentos, nomeadamente, o cravo, acordeão, carrilhão, entre outros.
A programação arranca a 6 de maio, na Sé Catedral de Braga, pelas 21h30, com o concerto “David e Golias” que estará ao cargo de Maurizio Croci, “um dos melhores interpretes de música de órgão a nível internacional”, e Marian Polin. Este é o único momento do ano em que se pode ouvir os dois grandes órgãos de 1737 em simultâneo.
Para o presidente do Município de Braga este é um recurso “diferenciador”, visto que a cidade dos arcebispos tem um conjunto patrimonial único no mundo no que toca a órgãos históricos, são 52, sendo que destes 22 estão em funcionamento. De sublinhar que apenas um destes exemplares não se encontra na posse da igreja, está ao serviço da Universidade do Minho, de acordo com o responsável pela programação do evento.
Nos últimos anos têm chegado a Braga visitantes de vários pontos da Europa e até da Austrália, sendo que pela cidade dos arcebispos será necessário um maior esforço para dar a conhecer estas propostas e património barroco. Com esta iniciativa já “maturada”, Ricardo Rio declara ser o momento de levar este festival ainda mais longe através da candidatura para integração na Rede Europeia das Cidades com Órgãos Históricos.
Recorde-se que o Festival Internacionald e Órgão conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já foi convidado a marcar presença no evento.
Património continua a ser recuperado.
O Festival Internacional de Órgão será o momento para voltar a dar “voz” ao mais recente órgão recuperado na cidade de Braga. O exemplar datado de 1832 esteve ao longo do último ano a ser restaurado, uma operação orçada em 25 mil euros, e será deslocado da Capela de São João da Ponte para a Igreja de Santo Adrião. O concerto de encerramento contará com a participação da Orquestra Barroca Concerto Ibérico que irá apresentar obras de Bach.
O próximo órgão a ser recuperado, segundo o diretor artístico do festival, está instalado no Mosteiro de Tibães. De acordo com o responsável os trabalhos deverão ser financiados pelo quadro comunitário 20-30, sendo que também o órgão da recém intervencionada Igreja do Pópulo necessita de ser restaurado.
Antes, no dia 7 de maio, na Igreja de Santa Cruz, pelas 21h30, serão tocadas duas obras raras do período barroco nunca antes executadas em Portugal.
Para além de grandes nomes internacionais, a organização apostou em artistas nacionais e dará palco ao vencedor do segundo concurso internacional de composição para órgãos com mais de 300 anos. De acordo com o diretor artístico do festival, José Rodrigues, há 300 anos que não eram compostas peças originais para estes instrumentos.
“A magia da música” pode ser o caminho para democratizar a cultura e, em particular, a música de órgão.
De 2 a 22 de maio estará patente no Museu Pio XII a exposição “A magia da música” com espólio do Museu da Música Mecânica de Palmela. Uma aposta que a organização acredita irá cativar pequenos e graúdos. “No nosso imaginário infantil todos nós nos lembramos das pequenas caixas com uma bailarina que depois de darmos corda tocavam. A maior coleção do mundo está em Portugal e vai sair do museu para vir até Braga”, avança.
Uma exposição para ver, mas também para ouvir, uma vez que todas as peças estão em condições de tocar melodias.
José Rodrigues avança, em primeira mão, já depois da conferência de imprensa que teve lugar na Sé Catedral, que a organização conseguiu chegar ao contacto com um colecionador bracarense que tem na sua posse uma caixa de música que durante anos esteve a alegrar as ruas de Paris e, em maio, estará em exposição neste no Museu Pio XII.
Nos sábados de 7 e 14 de maio, as igrejas de Santa Cruz, Pópulo, São Vicente, Sé Catedral e Bom Jesus vão tocar por 30 minutos melodias musicais em carrilhão.
