FESAHT exige aumentos salariais nos grupos privados de saúde

Aumentos salariais, redução para as 35 horas semanais e pagamentos de horas extraordinárias são as reivindicações que estiveram no centro da ação de protesto que junta a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal e a CGTP – Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses.
O protesto com o lema “pelo aumento geral dos salários, pelo emprego com direitos, pela revogação das normas gravosas da legislação laboral”, teve lugar em frente ao edifício da Casa de Saúde S. Lázaro.
À RUM, Francisco Figueiredo, dirigente da FESAHT, avança que mais de 90% dos auxiliares de ação médica, técnicos administrativos, entre outros, recebem o salário mínimo, por isso, exigem aumentos salariais de 90 euros, este ano, de modo a atingirem os 850 euros.
O sindicalista frisa que hoje em dia a oferta privada no setor da saúde é superior à pública, 114 para 111 hospitais, respetivamente. Uma expansão que tem sido conseguida “à custa de transferências de serviços e dinheiros públicos para o privado”. De realçar que entre os anos de 2001 a 2010, 2011 a 2015 e em 2021 não ocorreram aumentos salariais. A FESAHT exige também um regime de férias mais favorável.
No caso específico da Casa de Saúde S. Lázaro, segundo o dirigente da FESAHT, existe uma divida para com cerca de uma dezena de trabalhadores na ordem dos 10 mil euros, visto que a empresa “não classificou os funcionários de acordo com o contrato coletivo de trabalho em 2010”. Os montantes estavam a ser regularizados através de prestações que foram, entretanto, suprimidas. A FESAHT viu recusadas todas as tentativas de reunir para discutir aumentos salariais, sendo que o assunto foi remetido para a Associação Patronal que também não se mostra disponível.
Contudo, as denuncias dos colaboradores de grandes grupos económicos privados não ficam por aqui. Francisco Figueiredo fala em “horários abusivos” que podem chegar às 14 horas por dia, sendo que estes trabalhadores, ao contrário do que acontece no setor público, têm contratos de 40 horas semanais.
Raquel Cobe trabalha há cinco anos no Hospital Trofa Saúde de Nogueira, Braga, e aos microfones da Universitária confirma a situação. “Eles desculpam-se com a pandemia”, afirma, mas o mesmo grupo que não está “disponível para discutir aumentos salariais” continua a expandir a sua atividade no distrito de Braga, para além de ter procedido à renovação da farda do pessoal e mobiliário da unidade de saúde na cidade dos arcebispos. “Uma pessoa que entra hoje em funções, ganha tanto como alguém com 10 anos de casa”, garante.
Nuno Moreira é funcionário há 18 anos do Grupo Luz, em Guimarães, e considera uma “injustiça” com o aumento do volume de trabalho a recusa em proceder a aumentos salariais.
À RUM, a FESAHT garante que devido às horas extra muitos funcionários ficam sem opções de transporte, logo são obrigados a recorrer a táxis, uma despesa que não é suportada pelos grupos.
