Felisbela Lopes defende incentivos financeiros públicos aos media

Felisbela Lopes defende incentivos ou apoios financeiros públicos à imprensa, mas não é favorável à nacionalização do grupo Global Media. A professora de Jornalismo da Universidade do Minho participou, esta amanhã, num debate da Antena 1, dedicado à crise no setor. No mesmo dia em que o ministro da Cultura disse, no Parlamento, que “o Estado tem de ter apoios transversais à comunicação social e não apoios específicos”, para evitar interferências editoriais dos governos e uma desvirtuação da concorrência.


Em países como França, Suécia e Áustria, o Governo apoia diretamente a comunicação social. “A proposta de nacionalizar é difícil de executar, pessoalmente não sou favorável a isso, mas podíamos pensar em incentivos financeiros públicos à imprensa, que já existem em vários países, onde há regulamentos e proteções em relação ao poder político”, exemplificou Felisbela Lopes.

A professora do curso de Ciências da Comunicação na UMinho diz ainda que se poderia “avançar já para esses apoios financeiros públicos, não só direcionados para o grupo Global Media, mas todos os grupos que detêm jornais”.

“Há uma reserva por parte dos partidos políticos e do Governo em avançar, porque ninguém quer ser culpado de fazer uma ingerência no jornalismo”, frisou. Na opinião da docente, o apoio do Estado não coloca em causa “a continuidade e vitalidade de um serviço publico de media”. “Face ao estado de emergência do jornalismo, não conseguimos respostas imediatas no setor privado”, afirmou ainda.

Felisbela Lopes é também favorável à criação de “apoios à leitura e consumo de conteúdos jornalísticos”, como existem em França, onde o Governo criou um passe cultural e “dá aos jovens uma determinada quantia para consumos de âmbito cultural”. “Seria profícuo fazermos isto no sistema educativo, no 2.º e 3.º ciclo e secundário, através de assinaturas digitais. Estaríamos a incentivar a consumo de conteúdos jornalísticos e a ajudar os grupos mediáticos”, finalizou.

Ministro da Cultura diz que apoio do Governo a situações particulares seria “premiar um infrator”

O ministro da Cultura, que está a ser ouvido no Parlamento, a propósito da atual crise no Grupo Global Media, defende que os apoios estatais devem ser transversais e não para situações particulares, uma vez que, dessa forma, se estaria a “premiar um infrator”. Pedro Adão e Silva falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, numa audição no âmbito do requerimento do PCP e do Bloco Esquerda., onde afirmou que se o Estado injetasse capital na Global Media estaria “a prejudicar” os grupos que “respeitam as regras concorrenciais”.

O ministro criticou ainda os deputados do PSD pela demora na aprovação da nova administração da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), numa época em que a sua ação regulatória é mais necessária.

Os jornalistas das empresas detidas pelo Global Media Group (GMG) aprovaram a realização de uma greve esta quarta-feira. Os profissionais têm salários em atraso, bem como o subsídio de Natal.

O sindicato apelou à participação de todos os jornalistas no protesto, em solidariedade com a Global Media, entre as 14h00 e as 15h00.

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Liliana Oliveira
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