“Poder de ajuizar abertura de complexos comerciais devia ser dos municípios”

Uma matéria governamental que não colhe para o presidente do município famalicense diz respeito às lojas em espaço fechado. Concordando com a continuidade de encerramento dos shoppings de grande dimensão, Paulo Cunha assinala que as pequenas galerias não podem ser tratadas da mesma forma. “Eu não posso comparar o Shopping Colombo (Lisboa) com as pequenas galerias de Famalicão”, diz, condenando que todos estejam sujeitos ao mesmo tratamento e, por essa razão, fechados. “Colocar no mesmo saco grandes centros comerciais com as pequenas galerias com quatro ou dez ou quinze lojas é de uma injustiça tremenda”, critica.
Em entrevista ao programa Campus Verbal, que foi para o ar na noite desta terça-feira na RUM, Paulo Cunha alertou para a situação que penaliza todos os lojistas. “Era mais prudente que (o Governo) entregasse às câmaras municipais o poder de ajuizar cada caso concreto e permitir ou não a abertura desses complexos. Não, o governo normalizou. Infelizmente isso acontece muito com todos os governos, pensar que o país é todo igual quando o país é todo diferente. É injusto não poderem ter o mesmo regime das lojas de rua que estão abertas desde ontem”, defende.
Paulo Cunha vai mais longe e diz que “é mais uma injustiça que não acontecia se houvesse regionalização”. “Estes comerciantes vêem os seus pares na mesma condição a dinamizar e a começar a vender e eles têm que estar fechados mais uns dias por uma imprudência legislativa”, acrescenta.
Comércio online cresce até 300% nalgumas empresas de Famalicão
O autarca realça a capacidade de adaptação das empresas do concelho, muitas delas agora no online. “O comércio online no têxtil está a crescer de uma forma brutal. Há empresas com crescimento na ordem dos 300% ao nível do ecommerce”, revela Paulo Cunha que “faz uma avaliação positiva apesar do contexto”.
O município criou há várias semanas o Gabinete de Emergência Social que tem sido “uma mais valia” para conhecer a realidade de cada sector, discutir ideias e implementar medidas. Paulo Cunha assinala que com as reuniões que acontecem uma vez por semana e reúnem 40 representantes é possível ter “uma fotografia realista do que está a acontecer no concelho”.
Hotelaria e restauração com grande quebra. Paulo Cunha realça rapidez dos empresários com regime de take-away
Com restaurantes encerrados há dois meses, o regime de take-away passou a ser uma alternativa para muitos. A autarquia incentiva os empresários a aderir ao modelo e procura ajudar o sector promovendo no seu próprio site algumas informações sobre os espaços disponíveis. Na página do município os famalicenses podem conhecer todos os restaurantes que trabalham em regime de take-away. O aumento de restaurantes nesta plataforma foi “significativo” e tem permitido aos empresários do sector realizar alguma receita.
Desde o início da pandemia, o concelho de Famalicão registou mais 1200 desempregados e o encerramento definitivo de uma empresa.
Na semana em que muitos trabalhadores regressaram às suas funções presenciais, Paulo Cunha, presidente do município de Famalicão, revelou que “só há um encerramento definitivo de uma empresa” e que o número de novos desempregados está sobretudo relacionado “com a não renovação de contratos a prazo”.
“Foram descontinuados porque as empresas começaram a não ter uma expectativa sobre o seu futuro e como é óbvio começaram por reduzir nos seus quadros aqueles que podiam libertar no contexto de não renovação de contratos a termo certo”, justifica.
A Continental Mabor, a Leica e a Coindu retomaram a actividade “mas não a 100%”, à semelhança de outras empresas de grande dimensão do concelho. Paulo Cunha refere que comparativamente a outros concelhos e outras regiões do país, Famalicão “não está tão mal quanto isso”.
O sector das carnes “nunca parou e está a crescer”, já o sector têxtil “ganhou algum oxigénio” com a produção de máscaras, acrescentou o autarca.
