“Falta de apoios aos estudantes afasta a Universidade da Academia”

Margarida Isaías parte para o segundo mandato como presidente da Associação Académica da Universidade do Minho com o objetivo de “aproximar a academia ao país, às cidades, à universidade, entre si e da AAUMinho aos estudantes”. Os órgãos sociais eleitos em dezembro tomaram posse esta sexta-feira, no Salão Medieval da reitoria da Universidade do Minho.
No discurso, a representante dos estudantes lembrou algumas das preocupações que a nova direção tem, desde logo “a participação estudantil na Universidade e o desaparecimento do conceito dos estudantes no centro da Universidade Minho”. Margarida Isaías aproveitou a ocasião para lembrar que a estrutura estudantil não se pode aproximar da Universidade sem que esta também o faça. “A redução da representatividade nos órgãos de gestão, o desinvestimento e a falta de apoios aos serviços de ação social e aos estudantes afastam a Universidade da Academia e afastam a Academia da Universidade, até não haver mais academia”, atirou.
Em junho de 2022, a AAUMinho abandou o ENDA – Encontro Nacional de Direções Associativas -, por considerar que “as Associações que representam 25% dos estudantes de todo o ensino superior a nível nacional equivalem consecutivamente a menos de 10% da votação”. Este voltou a ser um tema abordado pela estudante de Medicina, que lembrou ser necessário “aproximar as academias”, não deixando “que um estudante valha mais do que outro”.
No ano em que se assinalam 50 anos desde o 25 de Abril de 1974 e que há eleições legislativas antecipadas, a estudante de Medicina manifestou preocupação com “a participação dos jovens e a sua confiança política”. “Preocupa-nos a democracia”, afirmou.
Se a AAUMinho quer “aproximar a academia ao país” isso não será possível “sem que o país se aproxime da academia, dos estudantes, dos jovens”. Nesse sentido, Margarida Isaías criticou a falta de jovens no Governo, no Parlamento, nos órgãos dos partidos e a ausência de propostas para o Ensino Superior nos manifestos dos partidos.
“Se a propina irá ser devolvida no final do curso, muitos são privados da frequência no ensino superior por dificuldades económicas”
“Se o financiamento às instituições de ensino superior aumentou, foram reduzidos os apoios às associações estudantis e juvenis via IPDJ. Se o financiamento às instituição de ensino superior aumentou, não aumentaram o apoio às atividades das associações, que são o motor das universidades, que dão vida às universidades e se a propina irá ser devolvida no final do curso como medida de fixação de jovens, muitos são aqueles que são privados do acesso e da frequência no ensino superior por dificuldades económicas e falhas na ação social”, atirou a presidente.
Num apelo aos autarcas, Margarida Isaías apelou a um trabalho conjunto “por mais alojamento universitário e por um acesso universal e gratuito a transportes públicos municipais e intermunicipais”, agradecendo a Braga e Guimarães “por assumirem os passes gratuitos para todos os estudantes e independentemente do apoio do Estado”.
A vice-reitora da Universidade do Minho, Filomena Soares, enalteceu “o papel crucial que a AAUMinho desempenha na Universidade”. “O vosso sucesso será também o sucesso da UMinho”, acrescentou. Deixando a resposta às reivindicações estudantis para o reitor Rui Vieira de Castro, ausente por motivos pessoais, Filomena Soares elogiou “a responsabilidade social assumida pela Associação”. “Terão o apoio total da reitoria, numa colaboração que deve ser aberta e construtiva”, atirou a vice-reitora, prometendo uma posição de saber “ouvir, compreender e agir” por parte dos decisores da Universidade.
Além dos estudantes eleitos para a direção, esta sexta-feira, foram também empossados os membros da Mesa da Reunião Geral de Alunos, liderada por Sónia Fernandes, e do Conselho Fiscal e Jurisdicional, que tem como presidente Francisco Silva.
