Estudo revela que Norte lidera apoio à reabertura do debate sobre regionalização

A maioria dos portugueses defende que a regionalização deve voltar a ser discutida, quase três décadas depois do referendo que rejeitou a criação das regiões administrativas.
Segundo o estudo “O que pensam os portugueses 2025 – Descentralização, Desconcentração e Regionalização”, realizado pelo IPPS/ISCTE e divulgado esta terça-feira, 71% dos inquiridos consideram que a questão merece um novo debate. O apoio é particularmente expressivo na região Norte, onde 74% dos participantes se mostram favoráveis à reabertura da discussão.
O relatório indica também que quatro em cada cinco portugueses (75%) defendem a realização de um novo referendo, caso o tema avance. Esta preferência pelo voto direto é transversal a todo o território e a todas as posições ideológicas, com cerca de 75% dos inquiridos, da esquerda à direita, a mostrar-se a favor de uma decisão popular.
Entre os que apoiam a retoma do debate sobre regionalização, 84% querem que a decisão passe por um referendo. Curiosamente, mesmo entre os que consideram que o tema não deve voltar a ser discutido, 71% também preferem que haja consulta pública, caso a questão avance.
O estudo revela ainda uma preferência clara pela eleição direta dos presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), defendida por 57% dos inquiridos. Apenas 3% entendem que essa nomeação deve caber ao Governo.
Segundo o investigador e coautor do estudo, Pedro Adão e Silva, os dados demonstram uma valorização crescente do poder local. “Os portugueses fazem uma avaliação muito positiva do seu município e percebem melhorias nos últimos dez anos, enquanto avaliam pior o desenvolvimento do país no mesmo período”, afirma. Essa perceção, refere, poderá explicar a ampla adesão à ideia de regionalização, especialmente sentida na região Norte.
O estudo, realizado entre 13 de fevereiro e 14 de abril, resultou em 3.059 entrevistas válidas, a partir de mais de 14 mil contactos telefónicos, e garante representatividade nacional.
Os resultados são apresentados esta terça-feira no Fórum das Políticas Públicas 2025, no ISCTE, em Lisboa.
c/Lusa
