Estudo da UMinho indica que futebol é o tema que gera mais ódio no Facebook

“Há um crescendo de insultos e de discursos de ódio que se tem vindo a intensificar”. Esta é uma das conclusões de uma investigação realizada pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho.


O trabalho teve como objectivo analisar os índices de ódio no Facebook, através das publicações das notícias mais partilhadas, mais comentadas e com mais gostos entre 2017 e 2019. O autor do estudo, Pedro Rodrigues Costa, explica que este tipo de discurso está “centralizado em determinadas esferas de conteúdo como o crime, a política e, principalmente, o futebol”. 


Relativamente às palavras mais utilizadas, “vergonha” e “país” (habitualmente “vergonha de país”), “corruptos” ou “corrupção” e “volta” associado a “para a tua terra” são os modos de insultos mais comuns. Num outro plano, os posicionamentos de conflito (57%) e de controvérsia (27%) nos comentários face às notícia colocadas no Facebook geram mais ódio do que as publicações com títulos que apelam mais ao consenso (21%).


No total foram analisados 350 comentários, que geraram 913 respostas, e 23.959 palavras em publicações

do Correio da Manhã, do Jornal de Notícias e do Público, os três órgãos sociais que motivaram mais interacções nos últimos anos, de acordo com a Marktest.


A perpetuação do ódio através da replicação e do algoritmo do Facebook

Para Pedro Rodrigues Costa, “a imitação dos insultos no discurso do ódio é algo característico”. “Alguém que inicia uma conversação insultando encontra depois alguém que pega nessa ideia e que acaba por insistir na mesma linha de argumentação, derivando por vezes para outros assuntos”, explica.


Olhando para as conclusões do estudo, “as publicações mais comentadas são aquelas que têm maior discurso de ódio”. “Isso é particularmente relevante. Muitas vezes diz-se que as publicações mais partilhadas e com mais gostos é que importam, mas, na realidade, as que são mais comentadas activam o algoritmo do Facebook, o EdgeRank, o que faz com que apareçam mais vezes, associando-as às pessoas que habitualmente fazem mais comentários”, refere.


Atendendo à escalada de ódio verificada, Pedro Rodrigues Costa sugere a instalação de bots, programados pelas entidades que geram as redes sociais, de modo “a fazer automaticamente aconselhamentos ou avisos às pessoas que insultam”.

De acordo com o autor, o artigo estará em breve disponível numa revista académica da especialidade, aprovada por critério científico.

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Tiago Barquinha
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