“Estamos a ficar sem rede de antibióticos”

A coordenadora do Gabinete da Gestão do Risco, Higiene e Segurança no Trabalho do Hospital de Braga alerta para a importância do uso regrado de medicamentos, nomeadamente de antibióticos. Sílvia Oliveira foi a convidada do programa ‘A Saúde Tem Voz’, emitido este domingo.
Numa conversa inserida no Dia Mundial da Segurança do Doente, a enfermeira falou da “toma exagerada de antibióticos”, que leva a que o sistema esteja “a ficar sem rede”. “Sem novos antibióticos a aparecerem”, explica, por um lado, que existe “um trabalho a fazer na correta prescrição”. Por outro, adverte que os doentes nem sempre cumprem o estipulado.
“Há um hábito português de dizer que já nos sentimos bem e que não precisamos de tomar mais. Se foi prescrita uma caixa para cinco dias, mesmo que após o terceiro já estejamos melhor, devemos garantir a toma até ao fim”, afirma, acrescentando, que, se não houver esse cumprimento, os microrganismos “ganham resistência”.
A literacia é um aspeto a ser trabalhado, de acordo com a profissional de saúde, até para “ajudar a evitar erros de medicação”. Nesse sentido, argumenta que os doentes “precisam de estar mais envolvidos” e que “não devem ter medo de perguntar e de dizer que não perceberam”.
“É uma questão cultural que está a diminuir. A minha avó jamais abriria a carta das análises antes de mostrar ao médico de família. A minha mãe abre, mas com cuidado, para que o médico não perceba. Eu abro e vejo. Isto está a mudar”, exemplifica.
