Espetáculo teatral em realidade virtual acontece em três espaços em simultâneo
Um mundo virtual apocalíptico, poluído por montanhas de lixo digital e povoado por personagens abandonadas. É aqui que se situa o espetáculo de realidade virtual BERTIE. Trata-se de uma coprodução Circuito – Serviço Educativo Braga Media Arts e Teatro Municipal do Porto que acontece simultaneamente em três salas, no gnration, em Braga, e no Rivoli e Campo Alegre, no Porto.
Concebido para o projeto, este videojogo imersivo é composto por uma projeção vídeo 3D que consiste na transmissão streaming de óculos VR (realidade virtual) usados pelos intérpretes nas três salas de espetáculo. Desta forma, os espectadores em Braga terão uma experiência diferente dos que assistirem, por exemplo, no Rivoli, no Porto.
“O público acompanha a personagem que está em cena a usar uns óculos VR, vendo toda a perspetiva a partir dessa mesma personagem”, explica, considerando que poderá ser “interessante” assistir ao espetáculo nos três locais pelas diferentes perspetivas.
BERTIE é um espaço seguro e utópico onde o risco é apenas hipotético
Inspirado nas dramaturgias e convenções dos videojogos, BERTIE é “um espaço seguro e utópico onde o risco é apenas hipotético e os jogadores podem morrer, ressuscitar, recomeçar, repetir ou voltar atrás no tempo e fazer diferente”.
A criação, diz Rui Lima, surgiu durante a pandemia pela necessidade de adaptar os espetáculos. “Surgiu a ideia de construirmos um jogo em que pudéssemos, de alguma forma, habitar um dispositivo que nos pudesse quase teletransportar, não de forma física, mas dentro de um plano de gaming”, conta, salientando a investigação realizada até à concretização do projeto.
Segundo o artista, o interesse em estudar este mundo virtual surgiu também pela sua ocupação que, no seu entender, é atualmente “muito agressiva”. “Há cada vez mais coisas a acontecerem neste plano virtual, com comunidades gigantes a viverem esta ideia, não de gaming, mas de networking”, aponta, destacando a importância de refletir sobre este mundo e acrescentando que, na sua ótica, “a única maneira de ser interventivo é ocupando o próprio plano virtual”.
