Espetáculo de dança traz ao Centro Cultural Vila Flor uma abordagem ao conceito de ruído

Este sábado, 26 de outubro, às 21h30, Sofia Dias & Vítor Roriz apresentam, no Centro Cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães, o seu mais recente projeto artístico, numa abordagem ao conceito de ruído.

O diretor artístico do CCVF, Rui Torrinha, destaca o trabalho dos coreógrafos que desperta “experiências sensoriais”. “Esta peça é um avanço nos seus processos de pesquisa, mas também de crescimento. Normalmente, a Sofia e o Vítor têm desenhado e construído peças para dançar em palco. Desta vez, a peça é de escala maior, com vários intérpretes. E, portanto, há aqui vários ingredientes muito interessantes para não perdermos esta peça”, explica à RUM.

Em princípio, o ruído é aquilo que incomoda, que perturba o silêncio e distrai. Mas Rui Torrinha admite que também pode revelar algo que não se consegue decifrar, e essa dualidade torna o ruído “curioso”. “Essa beleza do ruído que normalmente é relacionada com algo mais agreste, desagradável ou até inconveniente, será explorado na peça como a possibilidade de termos um outro lado que eles, no fundo, estiveram a investigar. O poder da subjetividade pode levar qualquer um de nós a descobrir coisas inesperadas que, à partida, estão garantidas como tendo um significado fechado”, refere.

Em 2023 e 2024, os coreógrafos são artistas residentes na Fundação Champalimaud, onde desenvolvem processos de investigação interdisciplinar em sinergia com investigadores do Champalimaud Center for the Unknown. Foi durante esta residência que surgiu o título para esta peça.

“Diria que há uma espécie de expectativa de descoberta e autodescoberta, uma poética que será entregue às pessoas e, depois, cada um de nós, com as suas ferramentas, haveremos de descodificar, sentir, processar e crescer em relação a essa proposta”, acrescenta o diretor artístico do CCVF.

No final da apresentação, os coreógrafos vão juntar-se ao público para uma conversa, num momento de partilha, esclarecimento e escuta sobre o espetáculo. Rui Torrinha explica que já é hábito lançar um convite para que os criadores e o elenco se disponibilizem para um encontro com o público. “Isto tem que ver com a criação de pontos e de relações e troca de emoções. Fazem um momento de aproximação e intimidade no sentido de uma partilha maior, não tanto para explicar, mas sobretudo para troca de emoções”, conclui.

‘Ruído’ é um espetáculo falado em português, espanhol, inglês e francês, reflexo do elenco de intérpretes que compõe a peça: Connor Scott, Lewis Seivwright, Maria Ibarretxe, Natacha Campos e Vi Lattaque.