“Escola digital é muito redutora e apresenta falta de visão”

O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) apela ao Governo para que crie para o ensino superior um programa de compra de computadores semelhante ao das escolas, com um investimento de 2,8 mil milhões de euros previsto para a transição digital.

Esta foi uma das alterações propostas pelo CRUP ao Plano de Recuperação e Resiliência, que está agora em fase de discussão pública. 

Esta quarta-feira, no webinar “Contributos do Ensino Superior para o PRR”, António de Sousa Pereira, presidente do CRUP, adiantou que “houve situações em que as instituições de ensino superior tiveram que emprestar computadores das salas de aula a alunos, para acompanharem, em casa, o ensino à distância, assim como necessitam de ter acesso à internet“. “Quando retomarmos as atividades normais esses computadores têm que voltar à universidade e estes estudantes têm que encontrar outro tipo de resposta”, acrescentou. 

Arlindo Oliveira, presidente do INESC – Instituto de Enegnharia de Sistemas e Computadores – disse que a componente da escola digital, no Plano de Recuperação e Resiliência, “é redutora e revela falta de visão, que devia ser corrigida”. “Há um foco excessivo na dimensão equipamento, é praticamente só equipamento, e não se considera a necessidade da formação digital, além de que é só para escolas e não inclui universidades, o que me parece fazer pouco sentido, já que não são só as escolas que precisam destes investimentos”, esclareceu.


Para o presidente do INESC, o PRR deixou de fora “muito trabalho que havia sido feito no Incode 2030 e no Plano para a Transição Digital”. Para Arlindo Oliveira, “há um foco na modernização dos sistemas de informação do Estado, cerca de 50%, mas, mais uma vez, há um foco excessivo nas plataformas de hardware e menos na formação das pessoas”. O especialista elogiou ainda o conjunto de investimentos relevantes para as empresas, ao nível da modernização, mas, frisou “o foco na formaçao digital devia ser melhorado no documento que vai definir o futuro do país”.


Comissária Elisa Ferreira diz que escolhas do plano têm de ser “bem ponderadas”

A Comissária Europeia Elisa Ferreira afirmou hoje que as escolhas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) têm de ser “bem ponderadas” e assentes numa estratégia em que a ciência e inovação têm de ter “um papel fundamental”.

Elisa Ferreira, que participava hoje no ‘webinar’ organizado pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) para debater o PRR, defendeu que o país tem “uma oportunidade única” para reconstruir a economia e assegurar o reequilíbrio social e territorial.

“Portugal tem aqui de facto uma oportunidade única para reconstruir a economia numa perspetiva de futuro, em novas bases, mais sustentáveis, mais verdes, mais tecnológicas e é também uma oportunidade para assegurar o reequilíbrio social e territorial, reinventar de algum modo o país, corrigindo obstáculos e desequilíbrios estruturais ao desenvolvimento e competitividade de todas as suas regiões”, afirmou.

A Comissária Europeia alertou que as escolhas a realizar no âmbito do PRR têm de ser “bem ponderadas” e devem assentar numa estratégia nacional onde a qualificação do capital humano, ciência, inovação e investigação “têm de ter um papel fundamental”.

“Não tenhamos dúvidas, do sucesso deste esforço vai depender o futuro de Portugal e da própria União Europeia”, salientou, acrescentando que o “fracasso, má utilização e desperdício não são opções”.

“Teriam a agravante de reforçar os argumentos daqueles, que não são poucos, que fazem do ceticismo e descrédito a sua arma para pôr em causa a própria união europeia e a bases democráticas em que está assente a nossa prosperidade coletiva”, afirmou.

O PRR de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.

Depois de um rascunho apresentado à Comissão Europeia em outubro passado e de um processo de conversações com Bruxelas, o Governo português colocou a versão preliminar e resumida do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em consulta pública, até 01 de março, no qual estipula “19 componentes, que integram por sua vez 36 reformas e 77 investimentos”.

O executivo justifica que, “com base no diagnóstico de necessidades e dos desafios”, foram definidas três “dimensões estruturantes” de aposta – a da resiliência, da transição climática e da transição digital -, às quais serão alocados 13,9 mil milhões de euros em subvenções a fundo perdido das verbas europeias pós-crise.

No documento, estão também previstos 2,7 mil milhões de euros em empréstimos, mas fonte do executivo garante que “ainda não está assegurado” que Portugal irá recorrer a esta vertente do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, o principal instrumento do novo Fundo de Recuperação da União Europeia.

Previsto está que a maior fatia (61%) das verbas do PRR se destine à área da resiliência, num total de 8,5 mil milhões de euros em subvenções e de 2,4 mil milhões de euros em empréstimos.

Partilhe esta notícia
Liliana Oliveira
Liliana Oliveira

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Espaço RUC
NO AR Espaço RUC A seguir: Music Hal às 09:00
00:00 / 00:00
aaum aaumtv