Entidades locais unem-se contra a violência no amor

“Ela disse-lhe que ia sair com uma amiga. Ele elevou o tom de voz e disse ‘tu não vais’. Ela acedeu, disse que tinha uma festa de família. Mentiu. A primeira mentira de muitas que a afastariam de todos até não ter nenhuma amizade”.

Este é o excerto de uma peça de teatro protagonizada pelos alunos da Profitecla, que foi, esta sexta-feira, apresentada no Hospital de Braga.

Em 2024, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – APAV – apoiou 1023 pessoas vítimas de violência no namoro ou após o término da relação. Destas, mais de uma centena são do distrito de Braga. Marta Mendes, da APAV Braga, adiantou que a maioria das vítimas continuam a ser mulheres, entre os 18 e os 44 anos. “Queremos sensibilizar para os primeiros sinais de violência e incentivar a procurar os serviços especializados”, frisou. A responsável lembra que a violência não é apenas física, mas “psicológica, social e relacional, sexual ou económico-financeira”.


A PSP juntou-se também a esta iniciativa. O subintendente André Carvalho destaca o papel dos “profissionais de saúde, que estão mais sensibilizados e quando recebem vítimas fazem o encaminhamento para a rede de parceiros”. “Em outras formas de violência, de controlo ou restrição, muitas vezes não é a vítima que percebe, mas as pessoas próximas, que acabam por fazer a sinalização”, denotou ainda.

João Medeiros, representante da Câmara de Braga nesta iniciativa, denotou também a importância dos profissionais de saúde “na identificação de abusos”, associando este flagelo a um outro, o da saúde mental.

A ação de sensibilização foi promovida pela Junta de Freguesia de S.Victor e pela União das Freguesias de Braga (São José de São Lázaro e São João do Souto).

O autarca de S.Victor, Ricardo Silva, entende que “os poderes públicos têm responsabilidade na persecução de objetivos como a tranquilidade e a acalmia social, mas, sobretudo, de empoderar as instituições que trabalham para a ordem e paz pública”, referindo-se à APAV, PSP e à ULS Braga.

Miguel Pires, presidente da outra Junta de Freguesia, defende que “a sociedade está mais atenta e unida” no combate a este tipo de flagelo. As autarquias locais distribuíram flores vermelhas e uma bola anti-stress.

Através da música, uma aluna da Profitecla escreveu e interpretou um tema onde alerta para a culpa que as vítimas sentem e interiorizam que “é amor, mas é como uma prisão”. “Deixa-me ser quem eu quero ser” diz ainda a letra. Sérgio Pinto, da direção desta escola, lembra que “estas são as gerações futuras” e que é importante que tenham “consciência destas problemáticas, para no futuro serem bons cidadãos”.

No final, a mensagem é uma: “No amor, só o coração bate”.

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Liliana Oliveira
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