Energia. Ministro destaca importância de Portugal “não depender de regimes totalitários”

O ministro do Ambiente e da Ação Climática refere que a transição energética tem um significado não só ambiental e económico, como também político. Duarte Cordeiro participou, esta segunda-feira, por videoconferência, na conferência ‘Engenharia e Sustentabilidade’, organizada pela Ordem dos Engenheiros, que se realizou no Altice Forum Braga.
Tendo como referência a invasão da Rússia à Ucrânia, de acordo com o governante, “Portugal foi obrigado a acelerar todas as políticas e medidas” nesta área. A “mudança de paradigma” levou a uma aposta nas energias renováveis, aplicando “preços mais competitivos”. Por outro lado, deu “liberdade e autonomia”. “Permitiu a capacidade de não dependermos de determinados regimes totalitários que não têm qualquer problema em utilizar o fornecimento de energia como forma de chantagem às democracias”, assinala.
‘Energia e clima’ é o tema central das conferências organizadas pela Ordem dos Engenheiros em 2023. Com a ajuda “determinante” desta classe profissional, o governante salienta a importância de Portugal “não subestimar os recursos naturais” e de “saber aproveitá-los”, tendo em vista o desenvolvimento sustentável.
Somando estes predicados, Duarte Cordeiro assinala que o Governo tem intervindo de forma a que “a subida dos preços seja abaixo da taxa de inflação”. Dá como exemplos a redução dos valores no mercado grossista e o apoio às empresas em termos de consumo de gás, algo que “se vai sentir já na fatura de fevereiro”.
“2022 foi um ano de enormes desafios, que, felizmente, se hoje não estamos a discuti-los, é porque conseguimos políticas que nos permitiram, de alguma forma, corresponder a que todos estes impactos não prejudicassem de forma muito grave aquilo que é a vida das famílias e a possibilidade de continuação de trabalho das nossas empresas”, vinca.
Ordem dos Engenheiros preocupada com falta de competitividade
Na sessão que abriu o ano de conferências da Ordem dos Engenheiros, o bastonário apresentou uma visão crítica sobre o modo como a sociedade olha para a profissão. Fernando de Almeida Santos alerta para o facto de se estar “a exportar demasiada economia portuguesa para fora”, o que faz com que “muitos bons talentos” saiam do país.
“Não podemos condicionar o nosso desenvolvimento por causa de questões ideológicas nem de soberania. A nossa competitividade deve ser posta ao serviço de Portugal”, refere, salientando que, em alguns casos, “apesar de o trabalho ser feito ou aplicado em Portugal, parte das contribuições para o PIB conta para outros países”.
O presidente da Federação Mundial de Associações Profissionais de Engenharia marcou presença.
José Vieira, também professor catedrático do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho, salienta “o esforço indispensável da investigação para o desenvolvimento de soluções de médio e longo prazo”.
Na linha da frente, assinala, estão “instalações que usam hidrogénio descarbonizado e combustíveis como carbono zero, uma maior eficiência em mobilidade elétrica e em edifícios, tecnologias de armazenamento, incluindo o uso de eletricidade da rede fora do horário de ponta, torres de energia solar, pequenos reatores modulares e fusão nuclear”.
Noutro prisma, em relação aos combustíveis de baixo teor de carbono, destaca “o papel da investigação para lidar com as dificuldades de utilização, incluindo segurança de armazenamento e risco de inflamabilidade, antes que o uso pleno das suas potencialidades possa ser implementado”.
A Universidade do Minho esteve representada pelo responsável máximo. Ao lado de um antigo aluno, o atual bastonário, e de um docente, o presidente da Federação Mundial de Associações Profissionais de Engenharia, o reitor destacou “o papel central” que a Escola de Engenharia tem na academia minhota. Além da vertente formativa e da “investigação de elevada qualidade”, Rui Vieira de Castro fala no “contributo de vários projetos de investigação para a transformação do contexto económico e social da região e do país”.
Na qualidade de anfitrião da cerimónia, o presidente da Câmara de Braga historiou algumas das medidas que a autarquia tem implementado em matéria de sustentabilidade. Um dos exemplos dados por Ricardo Rio foi o Pacto de Mobilidade Empresarial, criado em junho do ano passado, com “impacto em quem vive e trabalha em Braga”, e que conta com mais de 40 instituições aderentes.
