Emoção e saudade marcam entrega do Prémio Camões 2020 a Vítor Aguiar e Silva

Uma vida dedicada ao ensino, estudo e investigação. Assim foi recordado o professor Vítor Aguiar e Silva (1939-2022), vencedor do Prémio Camões 2020, o mais importante galardão literário de língua portuguesa instituído pelos governos de Portugal e do Brasil.
Uma homenagem póstuma a um dos maiores especialistas na obra de Luís de Camões. Recorde-se que a entrega dos Prémios Camões sofreu alguns atrasos devido ao facto do ex-presidente Jair Bolsonaro ter recusado assinar a documentação necessária para a atribuição do galardão a Chico Buarque.
Para o Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, este momento marca o “regresso do Brasil à relação plena com os países de língua oficial portuguesa e com Portugal através da cultura”.
Ao longo da sessão, que contou com a presença de diversas figuras da academia e da política local e internacional, foi destacado o olhar rigoroso, mas simultaneamente imaginativo. Um “vanguardista reprimido”, assim se considerava, que não ousava impor as suas perspetivas ou convicções, preferindo, segundo a filha Joana Aguiar e Silva, “ensinar a pescar” as próprias ideias.
“Foi uma enorme honra. Sei do gosto que deu ao senhor meu pai. Acho que foi muito merecido”, afirma.
Da vasta bibliografia destaca-se a Teoria da Literatura (de 1967). Uma obra de referência para todos os alunos de letras em Portugal. A Estrutura do Romance (1974), Teoria e Metodologia Literárias (1990), Camões: Labirintos e Fascínios (1994), entre outros.
O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, frisou o papel ativo do professor na “construção da universidade”. “É sem dúvida um dos nomes que indiscutivelmente merecia a atribuição deste prémio. Foi uma figura fundamental nos estudos humanísticos em Portugal”, sublinha.
A entrega do Prémio Camões marca o fim de três dias do 25º Colóquio de outono dedicado ao académico que passou, em Portugal, pelas universidades de Coimbra e Minho. Um programa que contou com a apresentação do livro “Sena Hoje” que inclui um conjunto de textos sobre o autor Jorge de Sena, sendo um deles do próprio Vítor Aguiar e Silva. Assim como os depoimentos dos escritores Lídia Jorge e João Barrento, vencedores das duas edições do “Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva”, promovido pela Associação Portuguesa de Escritores e pelo Município de Braga.
Vítor Aguiar e Silva era professor emérito e catedrático aposentado da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da UMinho.
