Em Barcelos o “amor não tem idade”
Um assistente social, uma enfermeira, um gestor, um designer gráfico e uma professora juntaram forças para levar
a cabo o projecto “Amor não tem idade”.
João Silva, de 22 anos, juntou-se aos quatro amigos, todos de Barcelos, e são a companhia dos idosos solitários das freguesias de Santa Eugénia e Barcelinhos.
O projecto, cofinanciado pela Corpo Europeu de Solidariedade e Agência Nacional Erasmus+ Juventude em Ação em cerca de 7 mil euros, foi aprovado em Abril e, desde então, conta com mais de 30 voluntários, que prestam ajuda a 11 idosos.
Solidão é a maior carência da população idosa
Com uma pandemia à porta, os jovens redobraram os cuidados com uma população que, por si só, já é de risco. No entanto, não deixaram que a ideia morresse e os mais velhos continuassem sozinhos, depois de muitos dos locais onde passavam o tempo terem fechado, devido à pandemia.
“Demos formação a todos os voluntários sobre medidas de segurança e damos equipamento como máscaras, gel desinfectante e fazemos sempre a medição da temperatura, antes de visitarem as casas dos idosos”, explicou João.
As visitas são feitas no máximo por dois voluntários, que mantêm a distância de segurança e evitam o contacto físico. Perante “os efeitos negativos da pandemia” nos idosos, muitas vezes impossibilitados de ver a família, faz do risco “um mal menor”.
“A solidão e a falta de estímulo durante o dia” são as principais carências das pessoas desta idade, mas são também dectatas necessidades ao nível alimentar e de vestuário. Um dos objectivos dos voluntários é também verificar este tipo de carências e reportá-las a instituições que possam ajudar.
“Temos duas psicólogas envolvidas que fazem o rastreio de problemas cognitivos ou de memória”, acrescentou o jovem.
Jovens proporcionaram festa de aniversário a idosa que sobrevivia com “dez euros por mês”
Entre os exemplos felizes deste “amor” está o de uma senhora que não sabia o que era festejar um aniversário, já que vivia “com dez euros por mês”. O espírito solidário destes jovens levou-os a organizar “um dia diferente”. “Foi ao cabeleireiro, almoçou no restaurante e cantamos-lhe os parabéns com um bolo”, contou João Silva. O dia, disse a senhora, “foi o melhor da sua vida”.
“Sentimos que estamos a fazer a diferença e que o que estamos a semear pode dar muitos frutos”, apontou o jovem. O projecto tem duração de um ano, mas o grupo tenciona candidatar-se a um novo financiamento, em Outubro, para fazer crescer “o número de voluntários e idosos” e, se possível, levar a ajuda a seniores de outros concelhos.
