“É preocupante ver as vagas no ensino superior aumentarem e as colocações diminuírem”

O presidente da Associação Académica da Universidade do Minho considera que as alterações ao modelo de acesso ao Ensino Superior podem ter impacto nos resultados anunciados no domingo, que dão nota de uma redução de alunos colocados.

No caso da UMinho, as vagas mantiveram-se praticamente as mesmas, mas há menos 280 estudantes colocados, na 1.ª fase do concurso nacional de acesso, o que representa uma diminuição de 9,5%, face a 2024.

Luís Guedes acredita que os números possam mudar com as colocações da 2.ª e 3.ª fase, mas o facto de haver duas provas de ingresso obrigatórias pode justificar, em parte, este decréscimo.

“Das quatro provas mais realizadas pelos estudantes no ensino secundário, tivemos duas com aumentos e duas com reduções notáveis, ou seja, não se poderia à partida imputar as culpas às médias”, começa por explicar, em entrevista à RUM. Ainda assim, Luís Guedes reconhece que este modelo pode efetivamente ter algum impacto na quebra das candidaturas, uma vez que “é a primeira vez que é obrigatório ter dois exames nacionais concluídos para o acesso ao ensino superior”. “Durante o período da pandemia, desconsiderou-se a média dos exames nacionais naquilo que era a nota final das disciplinas, mas agora os exames voltam a contar 25%, ainda que 5% abaixo da ponderação pré-covid, pode ser um dos indicadores que levou a este impacto negativo no acesso às universidades”, acrescentou. O presidente da estrutura estudantil considera que será necessário, agora, avaliar os restantes resultados para perceber se “os estudantes precisavam de mais tempo de preparação para fazer dois exames nacionais”.

O alojamento continua a ser uma preocupação para os estudantes, associado a outros custos de permanência no ensino superior, apesar de, na ótica de Luís Guedes, não justificar, por si só, “esta quebra tão forte de 12% nas colocações na primeira fase”, até porque “nas áreas metropolitanas esta quebra não foi tão acentuada”.

O presidente da Associação Académica pede uma resposta urgente por parte do Ministério da Educação, Ciência e Inovação e aguarda “a apresentação do estudo de reforma da ação social”, previsto para setembro, no sentido de se conhecerem “as respostas estruturais que o Ministério conseguirá dar a partir desse momento”.

Luís Guedes diz ser “preocupante para um país reputado por potenciar a formação de talento ver as vagas no ensino superior aumentar e as colocações na primeira fase diminuir”. “Se nós já não conseguíamos reter grande parte da mão de obra qualificada e até tínhamos de importar por existir uma grande absorção no mercado europeu e internacional, imaginemos o quão mais difícil isto poderá ser se estes números se mantiverem nas próximas fases de acesso”, finalizou, dando nota que, de acordo com a Direção-Geral do Ensino Superior, “existem menos estudantes das classes mais pobres a frequentar o ensino superior e isso pode ser um indicador”. 

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Liliana Oliveira
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Carolina Damas
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