E a cultura? Salas de espectáculo do distrito apostam no online

Devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, eventos dos diversos quadrantes da sociedade têm sido suspensos. Uma das áreas onde isso é mais vísivel é a cultura. Possuindo equipamentos municipais ou privados, com o encerramento das salas de espectáculo, as estruturas que gerem a indústria cultural em Portugal necessistam agora de se reinventar.

Olhando para o plano local, apesar de haver algumas diferenças no modo como estão a lidar com a situação, os principais agentes artísticos têm procurado apostar no online. A Oficina tem a actividade presencial suspensa, pelo menos, até 9 de Abril. Em entrevista à RUM, Rui Torrinha refere que “tudo indica que o prazo será alargado”, apesar de ainda não ter exisitido confirmação oficial.

Para esta período de encerramento de portas dos diferentes espaços culturais que gere, a cooperativa artística de Guimarães está a desenvolver uma série de iniciativas online. Uma delas é a rubrica diária ‘Picar o Ponto’, da autoria de Catarina Pereira, à qual se vão juntar diversas actividades, como visitas aos museus, de forma digital, visualização de espectáculos “devidamente contextualizados, através de produtos elaborados nesta fase”, ou conversas com artistas.

Sem querer revelar mais pormenores, o programador do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) adianta que o conjunto de eventos será divulgado em breve. Além disso, para assinalar os 15 anos do CCVF, vão ser disponibilizados “conteúdos históricos” associados ao espaço artístico vimaranense.

Ainda em matéria de efemérides, já este mês, no dia 21, o Theatro Circo celebra o 115º aniversário. Como a sala de espectáculos está encerrada, pelo menos, até Junho, a data terá de ser comemorada de forma diferente desta vez. 

Paulo Brandão adianta que “vai haver uma série de actividades online”, produzidas a partir de casa, como recitais de poesia ou momentos musicais. Neste período de isolamento social, o Theatro Circo associa-se também à Companhia de Teatro de Braga, que está a promover até ao final do mês a iniciativa ‘Teatro em Casa’.

Já a Casa das Artes de Famalicão pretende apostar na transmissão de vários espectáculos que tiveram lugar no palco da sala famalicense. A primeira peça, emitida na sexta-feira, Dia Mundial do Teatro, foi ‘M.A.D.’, do Colectivo Grua, que estreou no mês de Janeiro.

Álvaro Santos, director da Casa das Artes, refere que há “a intenção de colocar mais espectáculos nas redes sociais para que as pessoas possam continuar a usufruir desta actividade”. No entanto, lembra que é necessário “garantir sempre as autorizações e os direitos conexos aos artistas”.

Reagendar já ou esperar que a pandemia acabe?

Os responsáveis pela programação dos espaços culturais da região abordaram também a suspensão dos eventos. Para Álvaro Santos, antes da marcação de novos espectáculos, a prioridade é “reagendar os que estavam inicalmente marcados”.

O director da Casa das Artes destaca que há co-produções que foram interrompidas e que agora é necessário voltar a colocar os respectivos espectáculos na agenda e, com isso, “fazer acertos do ponto de vista financeiro” para que “as pessoas não fiquem prejudicadas”.

Em Guimarães, a dinâmica não varia muito. “Temos estado a trabalhar no reagendamento de todos os espectáculos. O futuro não vai pôr em causa o que o presente suspendeu”, refere Rui Torrinha.

A Oficina agrega seis espaços culturais, incluindo o CCVF, e conta ainda com o serviço ‘Educação e Mediação Cultural’. O programador explica que está a haver “o cuidado de não haver sobreposição de eventos”, acrescentando que há iniciativas a serem adiadas já para 2021.

Por seu turno, Paulo Brandão considera que “ainda é cedo” para reagendar os espectáculos que estão suspensos. Alertando para o caractér imprevisível da pandemia, o programador do Theatro Circo refere que arranjar novas datas para os eventos nesta altura seria um exercício de “futurologia”. “Não sabemos quando é que as coisas vão estar estáveis para reabrir e em que condições”, afirma.