“Drama”. A dança das emoções de Victor Hugo Pontes chega ao Theatro Circo

Estreou há quase dois anos no GUIdance, em Guimarães, e chega agora ao Theatro Circo, a Braga. Drama, criação do coreógrafo Victor Hugo Pontes, está em cena esta sexta-feira (19h00) na sala bracarense com o objectivo de cumprir o seu objectivo fundador de conciliar um texto literário a uma peça de dança contemporânea.

Foi através de um texto fundador do teatro contemporâneo, Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello, que Victor Hugo Pontes criou o seu “Drama”, obedecendo o guião da obra original.

“Respeito a cronologia, os personagens, a narrativa e acção da obra e tento traduzi-la para um lado coreográfico”, explica, à RUM, o coreógrafo vimaranense que segue a normativa de Pirandello, “à excepção das palavras”. Cabe por isso aos 15 intérpretes em palco, sendo que apenas um é actor, transplantar, através das expressões, o texto de Pirandello. 


“Os bailarinos começaram por memorizar o texto e, depois, por reproduzir aquilo que seriam as cenas. Lentamente, isso foi-se transformando em movimento e as palavras deixaram de existir, ficando apenas os gestos”, elucida, acrescentando que o processo torna “a obra muito mais abstracta e poética”.


A acompanhar os artistas em palco está a pianista Joana Gama que desenvolve, no decorrer da peça, a banda sonora, em tempo real, num diálogo com as composições electrónicas, gravadas, de Rui Lima e Sérgio Martins. O próprio piano de Joana Gama não é alheio ao texto de Pirandello, visto que em Seis Personagens à Procura de um Autor há uma referência ao instrumento musical. “Foi essa indicação que me levou a convidar a Joana Gama e dar uso ao que Pirandello colocou na sala de ensaio”, explica.

No meio da literatura de Pirandello, da coreografia de Victor, e do piano de Joana Gama, torna-se difícil definir Drama mas essa catalogação pouco importa ao criador. “Há uma necessidade muito grande de as pessoas encaixarem as coisas em prateleiras e há coisas que não dá para encaixar. Diria que é um espectáculo de dança porque não existe texto, só existe movimento. Por outro lado, é uma peça que parte de um texto teatral, ou seja, também pode ser teatro. Também pode ser um concerto porque existe uma pianista a tocar ao vivo”, comenta.

No final, o que o coreógrafo deseja é desafiar o público. “As pessoas têm sempre uma necessidade de perceber alguma coisa mas há coisas que não são para perceber, são para sentir”, conclui.

O lamento pelo pouco apoio à cultura, até nos testes de diagnóstico à Covid

“Drama” estreou em Fevereiro de 2019 em Guimarães e, desde então, tem percorrido salas por todo o país. Em 2020, já depois de levantado o primeiro confinamento, o espectáculo passou por Aveiro e Torres Novas, chegando no dia 27 a Braga.

Victor Hugo Pontes revela “a reacção muito boa” do público nos dois espectáculos deste ano mas aponta o dedo à falta de apoio aos artistas, desvendando que os testes de diagnóstico à Covid-19 não são custeados pelo Estado.

“A cultura é segura para o público mas acho que é importante que o Governo e o ministério da Cultura se lembrem de que quem está em palco não é imune à doença. Os teatros muitas vezes não asseguram os testes e, para garantirmos a segurança dos intérpretes, temos de os fazer e ter mais essa despesa”, lamenta.

Os bilhetes para Drama custam 12 euros e podem ser adquiridos aqui.

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Pedro Magalhães
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