Covid-19. Dois anos depois, o país respira de alívio

Dois de março de 2020. Primeiro caso de covid-19 confirmado em Portugal.
Passaram dois anos. Cinco vagas. mais de dez estados de emergência decretados e dois confinamentos. Mais de três milhões de portugueses foram infetados e a doença matou mais de 21 mil pessoas no país.
O mundo já dava sinais de que algo estaria para mudar. Em Portugal, assistia-se à distância e estavamos longe de imaginar o que estaria por chegar.
Há precisamente um ano eram confirmado um caso no Norte do país: um médico de 60 anos que esteve de férias no norte de Itália.
Na mesma região, um outro homem de 33 anos, que esteve em Valência, Espanha, agurdava a confirmação que haveria de chegar pouco depois. Era o segundo caso de infeção.
Assim, iniciava um caminho longo, que dava os primeiros sinais uns meses antes, a 17 de novembro de 2019, em Wuhan.
A pior das notícias foi partilhada a 16 de março e chegava pela voz Marta Temido, ministra da Saúde: registava-se a primeira morte provocada pela doença, no país. Um homem de 80 anos, com “várias comorbilidades associadas”.
Dezoito de março, 20h00. O país parava para ouvir o Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa fala pela primeira vez aos portugueses para anunciar o primeiro Estado de Emergência, votado unanimamente pela Assembleia da República. Seguir-se-iam muitos outros. As ruas estavam desertas, o comércio e os serviços fecharam portas. Ouvia-se música à varanda e a célebre frase “vai ficar tudo bem”.
Portugal ultrapassava a primeira de cinco vagas pandémicas. Entre 30 e março e 5 de abril, registaram-se 5.316 casos.
Em abril, o Governo dava início a um processo de desconfinamento. O comércio de rua voltava timidamente a abrir as portas, para evitar uma outra crise…a económica. As grandes superfícies estiveram encerradas até 1 de junho.
O verão trazia consigo boas notícias: menos novos casos e menos mortes, mas seria sol de pouca dura.
Em setembro, a situação voltaria a agravar-se e o Governo voltou a apertar as medidas. O país entrava em estado de calamidade, em outubro, e, no mês seguinte, com a segunda vaga a dar sinais, Marcelo propôs um novo estado de emergência.
Neste período, foram registados mais de 153 mil casos e quase dois mil óbitos. O número de mortes seria ainda superior em dezembro, mês em que 2327 pessoas morreram.
No entanto, dezembro chegava com esperança em forma de vacina. A primeira foi administrada no Hospital de São João, no Porto, a um médico infecciologista António Sarmento, pelas mãos da enfermeira Isabel Ribeiro.
A entrada de 2021 foi negra. Janeiro tornar-se-ia um mês trágico no que toca ao impacto da pandemia no Serviço Nacional de Saúde. Era a terceira vaga da pandemia a assolar o país. Portugal atingia valores record: mais de 300 mil casos e mais de 5.700 óbitos.
Vinte e oito de janeiro ficaria para a história pelos piores motivos: morreram, nesse dia, 303 pessoas.
O hospitais tinham dificuldade em dar resposta a cada vez mais pessoas a necessitar de cuidados de saúde. O mês de fevereiro começavam com quase sete mil pessoas internadas. No dia quatro, cerca de 900 portugueses estavam em Unidades de Cuidados Intensivos.
A chegada de novas vacinas ajudou a acalmar a agitação dos dias, mas o verão de 2021 não deu tréguas. A variante Delta não permitiu aquilo que se esperava para esta altura: imunidade de grupo.
Por esta altura, o Almirante Gouveia e Melo, coordenador da task force para a vacinação, viria a ganhar reconhecimento, colocando a vacinação em “velocidade cruzeiro”. Em outubro, 85% da população estava totalmente vacinada. Portugal foi o primeiro país do mundo a atingir esta marca. No final do ano, em novembro, chegava uma nova variante a território luso: Ómicron, menos penosa, mas mais transmissível. Ultrapassavamos já a quinta vaga. As cadeias de transmissão atingiam números nunca vistos. Em janeiro de 2022 foram registados mais de 1,27 milhão de infeções por Covid-19. No dia 27, Portugal batia novo recorde: 65.706 casos.
Mas, sendo menos severa, a variante aliviava os hospitais. Nesse mesmo mês, a doença tirou a vida a 992 pessoas, um número inferior ao da terceira vagas.
A 17 de fevereiro, praticamente dois anos depois, o Governo aliviou as medidas de combate à pandemia, mantendo-se obrigatório o uso de máscara em espaços públicos fechados e a apresentação de teste ou certificado para visita a lares ou unidades de saúde.
Segundo a Direção-Geral da Saúde, o país deverá registar 20 mortes por milhão de habitantes a 14 dias, no dia 3 de abril. Por essa altura, é expectável que o Governo determine um regresso total à normalidade. Nessa altura, a covid-19 poderá ser tratada como uma gripe.
