Docentes da UMinho apontam caminhos para a evolução da ciência

De que forma a ciência se deve desenvolver? Esta foi a pergunta a que quatro professores e investigadores da Universidade do Minho procuraram responder num debate sobre o tema ‘Manifesto para a ciência em Portugal: atualidade e ideias para o futuro’, numa alusão ao documento lançado por José Mariano Gago em 1990 e recentemente reeditado.

Por ocasião dos 75 anos do nascimento do antigo ministro e do Dia Nacional dos Cientistas, aconteceram três conversas em paralelo, divididas por Lisboa, Coimbra e Braga. No caso da academia minhota, o moderador Nuno Castro, da Escola de Ciências, desafiou os convidados a lançarem uma proposta para o futuro desta área.

Ana João Rodrigues, da Escola de Medicina, sugere um conjunto de ideias viradas para os investigadores, alicerçadas em três pilares. Um deles é atribuir “previsibilidade” à carreira, algo que “atualmente não existe”. “Muitos têm contratos precários”, explica, havendo também “quem trabalhe a recibos verdes e até pessoas em regime de voluntariado”. 


“Uma maior flexibilização da carreira, com a criação de novos empregos de apoio à ciência”, e “uma articulação entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia e os institutos de investigação de forma a potenciar os recursos que existem em Portugal” são outras das necessidades identificadas.

Em representação do Instituto de Ciências Sociais, Teresa Ruão aponta para a transição da “divulgação para a comunicação de ciência”. Considerando que há uma tendência para “o envio de informação, num processo direcional”, refere que é necessário apostar mais no diálogo. 


“Deve-se potenciar a conversa com os públicos de ciência, dentro e fora do sistema científico, para que se produza aquilo que Mariano Gago já referia na altura: quebrar o isolacionismo da ciência, construir uma cultura científica e contribuir para a compreensão pública da ciência”, sinaliza.



Docentes relevam papel da ciência fundamental e a sua interação com a sociedade


José González-Méijome, da Escola de Ciências, argumenta que, “nos últimos anos, o foco tem estado cada vez mais na utilização e instrumentalização da ciência apenas e exclusivamente para a resolução dos problemas presentes”.

No seu entender, é também preciso “começar a cultivar o conhecimento cuja utilidade ainda não tem uma perspetiva à vista”, mas que a sociedade pode “fazer uso daqui a 30/50 anos”. Nesse sentido, sugere “a definição de estratégias de orçamentos por áreas de especialidade”, baseados na ciência fundamental.


Fernando Alexandre, da Escola de Economia e Gestão, alinha num discurso semelhante, tentando combater “a cisão que existe entre investigação fundamental e aplicada”. “Normalmente, há um conjunto de investigadores que estão mais próximos da realidade e que se afastam da investigação fundamental e existem aqueles que fazem investigação fundamental e que nem sempre estão disponíveis para se aproximarem da realidade”, desenvolve.

O objetivo, de acordo com a sua proposta, é “as universidades criarem incentivos para que os investigadores façam o seu trabalho sem estarem à procura de uma solução aplicada”, por um lado, e “colocá-los a pensar sobre soluções para casos reais da economia”, por outro.

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Tiago Barquinha
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