Docente da UMinho coordena trabalho inédito sobre a ‘História da Filosofia Política’

Tem 600 páginas, divide-se em 25 capítulos e atravessa cerca de 2.500 anos. O livro ’História da Filosofia Política’, coordenada por João Cardoso Rosas, docente do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho, apresenta-se como uma enciclopédia diferenciada nesta área em Portugal.

Começando por abordar a vida e obra de Platão, considerado o fundador da filosofia política ocidental, o trabalho editado pela ‘Presença’ incorpora a visão cristã de Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino e junta a escolástica tardia e o período do Renascimento de Maquiavel, Moro, Bodin e Altúsio.

Explora também a época moderna com Hobbes, Espinosa, Locke, Montesquieu e Hume, refletindo depois as transformações do fim do século XVIII por Rousseau, Adam Smith, Kant, federalistas americanos, Burke, Comte ou Tocqueville. Entra ainda na contemporaneidade pelo utilitarismo de Jeremy Bentham e Stuart Mill, além da dupla Hegel e Marx. Já no século XX repensa o choque do totalitarismo e do holocausto por Popper e Arendt. 

Além da referência a personalidades mais badaladas, João Cardoso Rosas refere que houve “o cuidado de introduzir nomes que não são tão conhecidos como Francisco de Vitória ou Francisco Suárez”.  Ao todo, o livro ‘História da Filosofia Política’ foi escrito por 20 autores formados em Portugal, sendo que alguns deles estão agora espalhados por universidades de vários países, como Espanha, Reino Unido ou Brasil.

Explicando que, no contexto português, as obras publicadas nesta área são “desenvolvidas sobretudo nas faculdades de Direito e não tanto nas de Ciência Política”, o docente da Universidade do Minho refere que esses trabalhos são “excessivamente resumidos, usando, muitas vezes, fontes secundárias e não primárias”.

“O nosso grupo quis fazer uma obra mais abrangente com o objectivo de servir os estudantes universitários, docentes e investigadores na área da filosofia, ciência ou pensamento político”, acrescenta.