DNA pode dar pistas sobre efeitos das alterações climáticas

“A DNA Fish Scan” foi uma das investigações galardoadas, esta quarta-feira, com uma bolsa de cerca de 300 mil euros para a monitorização ovos e larvas de peixe (ictioplâncton) no oceano Atlântico. A distinção foi atribuída pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia nos Prémios de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico atribuídos no âmbito nas Comemorações do V Centenário da Viagem de Circum-Navegação.
O trabalho que teve início em Setembro de 2020 vai prolongar-se pelos próximos três anos em colaboração com as universidades do Algarve, de Coimbra, Estadual de São Paulo (Brasil) e Técnica do Atlântico (Cabo Verde), além do Instituto Português do Mar e da Atmosfera e do Instituto do Mar de Cabo Verde.
Para o coordenador do projecto, Filipe Costa, este é um “estímulo enorme” para esta linha de investigação. O investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA), frisa que esta é uma forma de utilizar os “conhecimentos e tecnologias que existem ao dispor da academia para ajudar na gestão sustentável dos recursos pesqueiros”.
O que é o “A DNA Fish Scan”?
O trabalho de investigação propõe a identificação de todas as espécies presentes numa amostra de DNA através da sua extração numa região pré-definida do genoma. Um processo, de acordo com o coordenador, mais “rigoroso e expedito”.
Filipe Costa adianta que esta metodologia irá, também, permitir sinalizar épocas e locais de desova, bem como inferir a abundância de stock de desovantes e o recrutamento de novos espécimes. Indicadores que podem alertar para “explorações comerciais ou efeitos das alterações climáticas” nestes processos.
A verba de aproximadamente 300 mil euros será utilizada para a compra de equipamentos e contratação de recursos humanos, sendo que serão abertas vagas para bolseiros. Filipe Costa sustenta que a verba será, principalmente, utilizada para a realização de “análises moleculares” que são “dispendiosas”, porém permitem processar “um grande número de amostras em simultâneo e ter resultados de forma rápida”. Além do mais, serão convidados investigadores para “trabalharem nos resultados do projecto que serão, posteriormente, publicados”.
O CBMA prevê expedições em quatro áreas da costa portuguesa, duas em Cabo Verde e duas no Brasil.
