“Dificuldades de financiamento” leva IES “a aceitar número excessivo” de mestrandos

Em 2022, os mestrados nas universidades portuguesas contaram com quase 80 mil matriculados. No entanto, o número de diplomados rondou os 22 mil, sendo expectável que o número se aproximasse dos 40 mil. Segundo os investigadores do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior, a “baixa exigência de admissão” estará relacionada com a preocupação das instituições “em gerar receitas”.

O estudo realizado por Cláudia S. Sarrico e Pedro Luís Silva a pedido do presidente da comissão que está a avaliar o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), demonstra que, no período estudado (2013/14 a 2020/21) “o número de diplomados é cerca de 60% dos que entram”. Sendo que os investigadores apuram “uma perda de alunos de mestrado de 25% a 30% do primeiro para o segundo ano no ensino universitário público”. No politécnico, essa perda oscila entre os 30% e 35%. A maior taxa de abandono corresponde às áreas onde há também mais inscritos, nomeadamente Gestão, Administração e Direito. 

“A baixa exigência de admissão em programas de mestrado, com alunos a entrarem sem as competências necessárias para progredir e concluir com sucesso; a acumulação do estudo com atividades profissionais; falta de recursos materiais e humanos para apoio adequado aos estudantes” são apontadas como as razões para as desistências. O presidente desta comissão de avaliação, Alberto Amaral, diz ainda que o “crescimento do número de estudantes não tem sido acompanhado por um crescimento equivalente do número de docentes, pelo que há casos em que cada docente pode ficar com um número excessivo de teses para orientar”.

Para Alberto Amaral, “as dificuldades de financiamento” tornam “as verbas resultantes das propinas dos mestrados (não reguladas) um tesouro apetecível”, facto que leva “muitas instituições, quer a aceitar um número excessivo de estudantes, quer a não serem rigorosas na exigência das competências dos candidatos”.

Em 2021, mais de um quinto da população portuguesa entre os 25 e os 64 anos tinha mestrado, um valor acima da média da UE (considerados 22 países), com 17%, e da OCDE, com 13,9%.

c/JN

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Liliana Oliveira
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