Um galego que vê em Portugal todas as oportunidades de futuro

Cerca de 260 quilómetros separam as cidades de Lugo e Braga. Se uma é o berço da sua infância, a outra é sinónimo de oportunidades na área da investigação nesta fase mais madura. É entre as duas cidades romanas que Diego Carreira Flores divide a sua vida. Aos 30 anos está a tirar um doutoramento no CBMA – Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Universidade do Minho.

Já lá vão três anos desde que chegou à academia minhota e apesar de viver e estudar num país distinto confessa que sempre se sentiu “em casa”. 

“O norte de Portugal e a Galiza têm vínculos muito fortes. Mesmo com uma fronteira a separar as duas regiões a nossa maneira de ser é muito parecida. Claro que temos as nossas diferenças, mas sinto-me em casa. Acho que isso faz com que as pessoas às vezes se esqueçam que sou galego. Acabam por me tratar como mais um português”, revela.

Fascinado pelo mar decidiu rumar à academia minhota e ao CBMA onde encontrou um projecto de investigação que lhe encheu as medidas. “Na minha vida, profissional e/ou pessoal, tento sempre continuar vinculado ao mar. Um dos meus passatempos é o mergulho”, afirma. Embora a cidade dos arcebispos não tenha mar, o laboratório do CBMA, logo o local de trabalho de Diego, está localizado essencialmente em Viana do Castelo. Uma área riquíssima em termos de biodiversidade.

Visto de fora: Portugal é uma terra de possibilidades na área da investigação.


Pode parecer estanho num país caracterizado pela imigração, muitas vezes, associado à falta de oportunidades em terras lusas. Ora, Diego tem um ponto de vista distinto. 

À RUM refere que na Galiza não têm surgido vagas no sector da investigação marinha. Com o novo governo o jovem tem “esperança” que o fado se altere ao nível de políticas e financiamento para as academias. Algo que não foi visto como uma prioridade pelos anteriores executivos.

Especulação imobiliária também é uma realidade do outro lado da fronteira.


Há três anos, no mês de Dezembro, chegou a Bracara Augusta e como qualquer outro estudante teve dificuldades para encontrar um lar. Praticamente todos os apartamentos já estavam habitados e os que estavam livres encontravam-se taxados a preços “absurdos”.

Hoje está a cinco minutos do campus de Gualtar. Um detalhe que lhe proporciona “uma qualidade de vida impagável”. 

A diversidade linguística tem as suas ratoeiras. 

Espanhóis e portugueses partilham muitos aspectos a nível cultural e histórico. Contudo, a língua por vezes acaba por criar alguns mal entendidos. Aos microfones da universitária partilho uma história engraçada.

“Quando cheguei À UMinho tive um problema. Queria aceder aos parques com o meu carro, mas o meu cartão não devia estar activo. Passei pelos seguranças e foi aí que surgiu um problema de comunicação. Isto porque queria mostrar o recibo de pagamento no meu telemóvel, porém em galego “mostrar” é “ensinar”, palavra que em português só é utilizada por exemplo entre professor e aluno. Claro que o segurança não queria que lhe ensinasse nada. Depois quando percebi o meu erro regressei para lhe mostrar o recibo e pediu-me desculpa”, relata.

Diego deixa uma mensagem neste Dia Mundial da Rádio.

“No mundo em que vivemos não podemos ter medo da mudança. As coisas fluem. Temos de ir à procura do nosso futuro onde quer que isso nos leve, dentro das nossas possibilidades, seja em Espanha, Portugal ou em qualquer outro ponto do mundo. Temos de estar felizes com as decisões que tomamos”.

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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Abel Duarte
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