Diagnóstico: COVID. Como a saúde, educação e justiça (sobre)viveram ao último ano

Dezanove dias da vida de José Pereira apagaram-se da sua memória. Ele foi mais uma vítima da doença que tem mudado o mundo. A Covid-19.

Esteve em Espanha, em fevereiro de 2020, e, depois, participou num almoço de família. Estes podem ter sido os locais onde o vírus o apanhou.

Os primeiros sintomas apareceram a 8 de Março. As dores de cabeça e a febre não eram comuns e, por isso, ficou alerta. Foi visto por um médico, que não suspeitou da Covid-19. Entretanto, juntou-se aos sintomas o cansaço. Foi visto por outro médico, mas “o diagnóstico foi o mesmo”. Ligou para a Saúde 24 e fez um teste a 16 de Março. Resultado: positivo. Entrou no Hospital de Braga na manhã de 18 de Março. “A partir daqui já começo a não ter memória do que aconteceu”. Ao final da noite, José já estava nos cuidados intensivos, em coma induzido e a respirar com a ajuda de um ventilador. Assim permaneceu 19 dias. Para ajudar ao estado clínico, apanhou uma bactéria, fez um hematoma devido à passagem dos tubos pela garganta, teve uma insuficiência renal e fez uma embolia pulmonar.

José não sabia, mas a partir daquele dia a Covid mudava-lhe a vida.

Na família, o vírus afetou dez pessoas, entre elas o pai, de 83 anos. José já estava em coma, mas o pai deu entrada no Hospital de Braga, um dia depois do filho. Faleceu a 27 de Março. José permanecia em coma. Só soube da notícia quando foi transferido para os cuidados intermédios e conseguiu ligar para a esposa.

“O falecimento do meu pai é a maior sequela que tenho e a que mais me vai custar a passar. Eu não tive a hipótese de o ver nunca mais”, lamenta.

(A reportagem pode continuar a ser lida aqui)

Nota: A versão áudio da reportagem ‘Diagnóstico: COVID. Como a saúde, educação e justiça (sobre)viveram ao último ano’ está disponível em podcast, aqui.