“Demiti-me por quebra de confiança na governação da UMinho”

Nuno Sousa confirmou, esta quarta-feira, que se demitiu da presidência da Escola de Medicina da Universidade do Minho em abril passado por “falta de confiança em quem governa a instituição”. Dirigia a escola há cinco anos.

No Salão Nobre da reitoria, no decorrer da reunião extraordinária do Conselho Geral da UMinho, o docente e investigador da Escola de Medicina justificou a sua demissão perante os conselheiros. Afastando motivos de natureza pessoal, Nuno Sousa foi objetivo: “o que está na base desta decisão são razões de natureza estrutural que quebram a confiança que existe entre as estruturas que estão na governança da universidade e da escola”. O docente e investigador fala num momento de decisão “preocupante”, uma vez que com a quebra de confiança “destrói-se a motivação e, sobretudo, compromete-se o presente mas também o futuro”, continuou.

Apesar de reconhecer que os anos mais recentes “não foram fáceis” para a Universidade do Minho, a bater-se com problemas financeiros, Nuno Sousa considera que nada disso justifica o corte de financiamento imposto pela reitoria à Escola de Medicina. “Mas, importa também dizer que os anos mais recentes são muito similares aos anos anteriores. O incumprimento por parte da reitoria do componente fixo, e estamos a falar de uma percentagem muito significativa, realmente compromete”, denunciou.

“Apelei ao princípio da solidariedade”, recordou Rui Vieira de Castro


Depois de ouvir Nuno Sousa, e numa intervenção à distância, o reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, lembrou algumas conversas entre as partes e o momento em que pediu ao presidente da Escola de Medicina da UMinho, Nuno Sousa, que assumisse o princípio da solidariedade para com as restantes unidades orgânicas. 

“Eu procurei argumentar aquilo que eram as condições concretas da Universidade do Minho e dizendo que, do meu ponto de vista, na situação da universidade, que o princípio da solidariedade, que está estatutariamente previsto, tinha que ser assumido como princípio dominante para proteger o conjunto das unidades orgânicas da Universidade do Minho”, recordou. Por isso, Rui Vieira de Castro sublinha que se tratou de uma “opção política assumida explicitamente e comunicada”.

Ainda na sua intervenção, Rui Vieira de Castro avisou que a UMinho não pode incorrer em despesa superior à receita que gera, não escondendo que se trata de “um equilíbrio difícil de manter nos últimos tempos”. “Como é que se ultrapassa esta circunstância? Não é única na história da universidade, mas do ponto de vista da equipa reitoral esta questão é lidada com ações estruturais”, disse.


Entre as mudanças de procedimentos sabe-se que no próximo ano, os orçamentos serão lançados por unidade orgânica. Assim, defende Rui Vieira de Castro, a UMinho “vai perceber o contributo de cada unidade e os respetivos encargos” com que cada unidade está comprometida. O processo está em discussão desde julho com as unidades orgânicas, e nos próximos dias os dados serão apresentados a todas. 


“A UMinho atingiu um ponto que requer uma efetiva descentralização da decisão e da responsabilidade de gestão orçamental”, sublinhou ainda aquele responsável.

Sobre as melhorias nos procedimentos, a reitoria tem em curso “um processo de transformação das plataformas da universidade que permitirá maior agilidade na atividade de ensino e investigação”. 

Concluindo, Vieira de Castro lamenta, mais uma vez, que a UMinho esteja a ser “desfavorecida” e “injustiçada” por parte do estado central. O desequilíbrio identificado foi de cerca de 17Milhões de Euros, entretanto, reconhecida essa situação a nível nacional, espera-se um reforço da verba para 2023. “Há pela primeira vez um sinal claro de diferenciação positiva do governo relativamente ao orçamento da universidade”, rematou.

(em atualização)

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Elsa Moura
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