Deão da Catedral de Braga sugere mudança dos bares da Sé para Campo da Vinha

O Deão da Catedral de Braga sugere a mudança de local dos bares noturnos no centro da cidade, mais concretamente junto à Sé de Braga. Muito crítico à estratégia seguida pela autarquia neste domínio, ontem à noite em entrevista à RUM, o Cónego José Paulo Abreu sublinhou que existe “demasiada coisa” à volta da Sé de Braga questionando a política para o espaço.
“Andamos a candidatar a Semana Santa a Património Imaterial e estamos a por tanta coisa ali à volta que depois nem uma procissão se pode fazer?” questiona.
Nos últimos meses, o conflito entre a Arquidiocese de Braga e a Câmara Municipal de Braga subiu de tom com os sucessivos autos de contraordenação a quem estaciona ao domingo de manhã junto à Sé para ir à missa. O Cónego sublinha que são esses mesmos fiéis que contribuem para o funcionamento diário e financeiramente exigente de uma catedral que é um dos rostos turísticos da cidade.
Lembrando que a Sé “não é apenas para ser um monumento turístico”, explica que é importante para a sobrevivência do edifício o apoio de quem vai à missa e que corre o risco de se afastar por falta de condições.
“Hoje quem não leva o carro não vai. Experimentem criar um centro comercial sem parque de estacionamento”, compara.
Referindo que a Sé de Braga está aberta todos os dias, inclusicamente feriados e ao longo de dezassete horas diárias e que por essa razão exige “um bloco de funcionários abastado” do qual não é possível abdicar, o cónego insiste que os custos são patrocinados por quem entra na Sé e não por quem se senta à mesa dos bares. Diz por isso que se trata de “uma questão de boa vontade” não multar quem vai à missa ou a um casamento.
“Temos de ser realistas e sensatos. Já houve tentativas de acordo, mas a Câmara não cede. É uma confusão que só precisa de bom senso. Eu tenho que tentar que a Sé tenha condições de funcionamento para o normal e para o extraordinário. Se a Sé não serve para o religioso então não estou interessado noutras vertentes. É tão pouco o que é preciso para que aquilo funcione sem confusão nenhuma”, alerta.
O cónego sugere ainda à autarquia que incentive a deslocalização dos bares da Sé para o Campo da Vinha, “uma praça como qualquer grande cidade tem”. Afirma que os bares comprometem o funcionamento de várias atividades religiosas promovidas naquela zona e defende uma verdadeira colaboração entre as partes.
“Os bares podem ocupar, podem vir para o meio da rua e fazer o que lhes apetece, e as pessoas para ir à missa no sítio onde está a Catedral de Braga é um deus me livre”, conclui.
